"Por que, ó bobos, fazer trapaças fora da lei quando é tão cômodo fazê-las dentro da lei?"
(Carlo Dossi)
domingo, 26 de junho de 2011
Di Cavalcanti e o Desenhista Noel Rosa.
Considerado um dos maiores compositores da história da Música Popular Brasileira, Noel Rosa também tinha talento para arte de desenhar. A famosa autocaricatura, tantas vezes apresentadas em suas biografias, é um exemplo do talento do Filósofo do Samba. Ao que parece, o nosso eterno Poeta da Vila era consciente de que seria difícil viver de samba. Teve, portanto, em alguns momentos, a pretensão de se tornar desenhista. Se na música o sucesso foi estrondoso, na arte do desenho nem tanto. Uma história contada por André Diniz, no livro “Noel – O Poeta do Samba e da Cidade”, bem ilustra esta aspiração do autor de “Com que Roupa”.
O autor do livro conta que Noel teria se encontrado com o Pintor Di Cavalcanti que conversava com o amigo Nássara em um Café do Centro do Rio. No encontro viu uma boa oportunidade para apresentar seus desenhos e obter uma avaliação abalizada. Di Cavalcanti não deu muito atenção, observava os traços, mas preferia pedir ao poeta que cantasse uma música. Noel insistia nos desenho, Cavalcanti novamente no samba. Após várias tentativas infrutíferas na busca de uma opinião do pintor, Noel, finalmente, desistiu. Fala-se que desde encontro de grandes artistas, sobrou apenas uma profunda mágoa por parte de Noel em relação ao Pintor, que duraria toda a curta, mas profícua carreira do Poeta da Vila.
Ouça a divertidíssima “Gago Apaixonado” cantada pelo próprio Noel Rosa. Um exemplo de outro dom do compositor: o humor.
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quinta-feira, 23 de junho de 2011
Dóris Monteiro. Afinal, samba é a melhor maneira de se conversar.
Nos final dos anos sessenta, início dos setenta, a voz suave e inconfundível de Dóris Monteiro era bastante comum nas vitrolas dos brasileiros. Com efeito, ouvir Dóris nos dava a certeza que samba “é a melhor maneira de se conversar”.“Mudando de Conversa”, a música de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho, magistralmente interpretada pela cantora, nos remete a saudade dos velhos amigos, das rodas de conversas nos bares e botecos da cidade, sempre ao som de um bom violão. Bons tempos, bons momentos que o próprio tempo, inexorável, se encarrega de desfazer.
E por falar em saudade... No segundo vídeo, Dóris fala sobre seus amigos, Billy Blanco, Dick Farney, Lúcio Alves, Nora Ney e João Goulart. No último vídeo, ainda nos tempos da televisão em preto e branco, uma apresentação da cantora, interpretando “Mocinho Bonito”, composição do amigo Billy Blanco.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Frase do Dia. Charles Chaplin.
"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante"
(Charles Chaplin)
(Charles Chaplin)
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Frase do Dia
domingo, 19 de junho de 2011
Dom e Ravel. A dupla que desagradou a direita e a esquerda.
“Na época da ditadura eles nunca pediam nada. Eles mandavam. O medo pairava porque nós ouvíamos os papos que sumiu fulano, desapareceu cicrano! Os artistas procuravam tomar precauções.”
(Ravel)
No início dos anos 70, a dupla Dom e Ravel provocou a ira dos opositores da ditadura militar instaurada no Brasil ao lançar o Hit “Eu Te Amo Meu Brasil” música que ficaria conhecida como um verdadeiro hino da ditadura militar. Eram tempos de chumbo, a seleção de futebol era tri-campeã mundial e o país crescia a olhos vistos. Era o chamado Milagre Econômico, fruto da facilidade de financiamentos externos. O PIB brasileiro crescia a uma taxa impressionante de quase 12% ao ano. Já naquele tempo, o Ministro Delfin Neto prometia dividir a renda, mas primeiro teria que deixar o “bolo crescer”, o que nunca aconteceu, para desespero dos truculentos generais de plantão... Os brasileiros não sabiam o que estava por vir.
Esta era a parte visível do início dos anos setenta. Contrastando com o otimismo do momento favorável da macroeconomia, práticas deploráveis aconteciam nas escuridões dos porões da ditadura: estudantes, jornalistas, políticos, líderes sindicais e outros representantes da sociedade, opositores do regime de exceção, eram barbaramente torturados e até mesmos assassinados. Não havia distinção entre aqueles que optaram pela luta armada e os que usavam a palavra como arma. Foi criado o slogan “Brasil, Ame-o ou Deixei-o!”, porém, diante do acirramento da repressão, muitos, mesmo sem deixar de amar o país, optaram pela segurança do exílio voluntário. O governo retrucou com outra frase: "Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil" o que dá uma noção do maniqueísmo oficial.
Todos sabemos os desdobramentos deste período negro da história: no rastro da crise do petróleo, decorrente dos conflitos do oriente médio, o país entrou em uma profunda recessão econômica, a liquidez acabou e os juros dos empréstimos subiram levando a dívida externa às alturas. A crise na qual foi jogado o país duraria décadas para ser sanada. Alguns anos depois veio a hiperinflação e os brasileiros passaram a ganhar milhões - apenas nos seus contracheques. Salários falsamente milionários que eram pulverizados em poucos dias devido à desvalorização da moeda. É verdade! Sofri isso na pele. Meu contracheque era apresentado na casa dos milhões, que mal davam para chegar ao fim do mês.
No início dos anos setenta eu era garoto e custava a acreditar que aquele aparente inofensivo general risonho e simpático que gostava de futebol e assistia jogos do Grêmio de Porto Alegre seria protagonista do período considerado o mais violento da ditadura. Até o dia em que, num almoço na casa de um colega, testemunhei um fato que me marcou: o menino, provavelmente repetindo o que ouvira de um adulto, inocentemente chamou o presidente de “Garrafa Azul M...”. Nem eu nem o garoto tínhamos a menor noção de política, mas a reação da mãe dele para um comentário hoje tão inofensivo foi de pânico imediato. Com os olhos arregalados, a senhora o repreendeu e o admoestou a nunca falar aquilo em público. Percebi, naquele dia, o pavor que provocava uma ditadura.
Voltando a Dom e Ravel, nos tempos em que frases como “Ninguém Segura este país” eram comuns nas propagandas oficiais, a dupla foi duramente criticada por suas canções consideradas alienadas, para muitos, completamente alinhadas com a estratégia de propaganda do poder: vender a imagem de um país de jovens, portanto com um futuro promissor, “Um país que vai prá frente”, frase de outra peça publicitária do governo. O marketing oficial também queria passar a imagem de uma nação limpa e próxima do desenvolvimento. Quem tem mais de cinquenta anos, certamente se lembrará do simpático personagem Sujismundo, que servia de mote para o bordão “Povo limpo é povo desenvolvido”. Mas, para ter um povo desenvolvido era necessário reduzir o enorme índice de analfabetismo. Para tanto, foi criado o MOBRAL – Movimento Brasileiro pela Alfabetização e Dom e Ravel foram, novamente, associados ao poder com a música “Você também é responsável”, escolhida como tema do movimento pelo ex-ministro da Educação, General Jarbas Passarinho. Em entrevista ao site http://www.censuramusical.com Ravel negou que a canção tenha sido criada para tal e insistiu que nunca fez músicas encomendadas: “Há alguns comentários que a música 'Você também é responsável' foi feita para o MOBRAL, mas nunca fizemos músicas encomendadas pra ninguém, não! [...].
É fato, a canção, de forte apelo emocional, já havia sido gravada em 1969, portanto, não foi criada especificamente para o Mobral. Entretanto, transformou-se em uma espécie de hino do movimento, o que reforçou, para muitos, a percepção de alinhamento da dupla com o regime militar. Também é fato que a obra dos dois irmãos cearenses, intencionalmente ou não, se adequava à onda patriótica que pretendia impor os poderosos de coturno e, apesar do sucesso inicial, custaria caro aos dois cantores nascidos na pequena Itaiçaba, cidade do interior do Ceará. Veio o pior. Os cantores estigmatizados pela esquerda como “A Dupla da Ditadura”, curiosamente, caiu em desgraça com os militares e seus seguidores da direita ao lançar, em 1974, a música “Animais Irracionais” que falava das injustiças sociais – a obra foi censurada pelos militares - talvez já não fossem mais conveniente para o novo momento de pessimismo econômico que surgia. Sobre o assunto Ravel declarou:
“Eu que já era perseguido pela esquerda que dizia que eu era engajado da direita, passei a ser perseguido pela direita também”. Ravel confessou que a música foi feita para pararem de chamá-los de “puxa-sacos” do governo.
A dupla, aos poucos, caiu no ostracismo, mas nunca deixou a mente daqueles que viveram os momentos duros da ditadura. Até hoje, os dois são fonte de fortes discussões entre as duas correntes políticas. Eustáquio Gomes de Farias, o Dom, faleceu em dezembro de 2000, em decorrência de um câncer de estômago. Eduardo Gomes de Faria, o Ravel, faleceu na última quinta-feira, 16 de junho de 2011, aos 64 anos, de um ataque cardíaco. Morreu negando seu alinhamento com o poder. Ravel afirmava que suas músicas, na verdade, preenchiam uma lacuna de uma tendência mundial da época: a “música com uma temática construtiva”. Insistiu que foram usados pelos militares e somente não se opuseram à suposta apropriação política por mero temor das conseqüências.Uma frase reflete a revolta de Ravel quanto o que considera patrulhamento dos dois lados:
“Eu sofri exílio no meu próprio país e nunca fui remunerado pelo governo”.
Ouça alguns sucessos da dupla e faça a sua avaliação.Em outro vídeo, com incorporação desativada, Sílvio Santo confessa que utilizou a dupla como parceiro na sua busca pela conquista do seu canal de TV junto ao governo militar (acesse em http://youtu.be/J3CNxsKmdx8).
Eu Te Amo Meu Brasil.
Você Também é Responsável
Animais Irracionais
Obrigado ao Homemdo Campo
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quinta-feira, 9 de junho de 2011
Versões My Way. Comme D’habitude. Mireille Mathieu e Claude François.
Este interessante vídeo, decididamente, merece entrar na galeria de “Versões My Way”. Uma apresentação rara da cantora francesa Mireille Mathieu cantando junto com Claude François, o autor da versão original de “My Way”, na França chamada de Comme D’habitude.
Claude François faleceu precocemente aos 39 anos, vítima de choque elétrico. Ver mais aqui.
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Versões My Way
Frase do DIa. J. J Rousseau.
"Cada idade tem suas inclinações, mas o homem é sempre o mesmo. Aos dez anos, é levado por doces; aos 20, por uma amante; aos 30, pelo prazer; aos 40, pela ambição; aos 50, pela avareza."
(Jean-Jacques Rousseau)
"
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Frase do Dia
domingo, 5 de junho de 2011
A qualidade da obra de Heckel Tavares,
Para quem não conhece a obra de Heckel Tavares, disponibilizo quatro músicas do compositor alagoano: Suçuarana, Guacyra, Azulão e Leilão. Para saber mais sobre o autor de Penas do Tiê entre aqui.
Suçuarana
Guacyra
Azulão
Leilão
Suçuarana
Guacyra
Azulão
Leilão
Merval Pereira na Academia. Vá entender os nossos imortais!
“ A academia não convida. A gente é que tem de candidatar-se, solicitar votos pessoalmente, arranjar pistolões. Há gente que não dá para isso. Eu também não”
(Mário Quintana)
Difícil mesmo é entender a lógica de escolha dos nossos imortais. Talento, com certeza, não é um requisito primordial. A instituição é a mesma que rejeitou, por três vezes, a postulação do grande Mário Quintana. (ver post sobre o assunto aqui).
Vá entender nossos imortais!
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Cotidiano
sábado, 4 de junho de 2011
Fagner e Heckel Tavares – O que “Casa de Caboclo” e Penas do Tiê têm em Comum?
Curiosidades da Música Popular Brasileira,
No seu primeiro disco, intitulado "Manera Fru Fru", o cantor cearense Raimundo Fagner gravou a música Penas do Tiê, tendo como convidada especial a cantora Nara Leão. A singela composição viria trazer uma série de transtornos para o cantor de Orós, que chegou a enfrentar um longo processo por plágio. A canção, na verdade, é do alagoano Heckel Tavares (foto a esquerda) em parceria com Nair Mesquita e foi editada em 1928. Originalmente, se chamava ”Você”.
Em entrevistas, o cantor cearense se defendeu da acusação alegando que agira de boa-fé, recebera informação de que a obra fazia parte do folclore e, acreditando tratar-se domínio público, teria feito algumas adaptações. O filho de Tavares não aceitou as explicações e manteve a ação por plágio, com pedido de uma considerável indenização.
Autor da música origem da lide, Heckel Tavares era um respeitado maestro, compositor, pianista, arranjador e folclorista. Como tantos outros grandes músicos brasileiros, andava esquecido. Teve sua fase áurea no primeiro quarto do século com composições de reconhecida qualidade, transitando entre o erudito e o popular. Contou com grandes parceiros, dentre eles, Luiz Peixoto, o autor da terceira e definitiva letra do clássico Ai, Ioiô (Linda Flor).
O interessante, nesta história toda, é que, apesar de ter mais de 150 composições, o maestro, guardadas as devidas proporções, também foi noticia de uma suposta apropriação indevida. Trata-se da música “Casa de Caboclo”, uma canção sertaneja que se notabilizou por popularizar a expressão “Um é pouco, dois é bom, três é demais”, atribuída ao alagoano em parceria com Luiz Peixoto. A lendária maestrina Chiquinha Gonzaga, segundo a pesquisadora Edinha Diniz, em seu livro “Chiquinha Gonzaga – Uma história de Vida”, reclamou a autoria de “Casa de Caboclo” em uma ata da reunião da diretoria da SBAT – Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, ocorrida em 8 de outubro de 1928. Com os seguintes argumentos:
“[...] Passando-se à ordem do Dia e interesses sociais, pediu a palavra d. Francisca Gonzaga, para reclamar sobre suas composições musicais que estão sendo impressas e gravadas em discos, sob autoria de diversos senhores, como por exemplo, a canção “Fogo, foguinho”, da opereta Juriti, gravada em disco Odeon, como sendo da lavra de Américo Giacomini; a canção “Bela rosa, da peça “Não venhas”, representada em 1904, no Teatro Apolo, impressa pela Casa Vieira machado, com o título de “Casa de caboclo”, como sendo de autoria do Sr. Heckel Tavares, e também gravada pela Odeon [...]. A oradora solicita providências da Sbat para que cesse de uma vez essa apropriação indébita e prejudicial aos seus interesses e de seu nome”.
Chiquinha Gonzaga é reconhecida como uma das pioneiras na luta pelos direitos autorais no Brasil e, devido ao ainda incipiente instituto de direito autorais da época, era vítima de constantes plágios, não só de músicas isoladas, mas até de peças inteiras, como é o caso de “Juriti”, apresentado, em 1925, na Bahia com o nome de Juraci.Na ata da SBAT, curiosamente, a grande maestrina não citou Luiz Peixoto, o parceiro de Heckel Tavares em “Casa de Caboclo". Peixoto era um velho companheiro e admirador da pioneira maestrina. Com ela, montou várias operetas, e revistas, a exemplo da histórica burleta “Forrobodó”.
Não cabe aqui fazer juízo de valor sobre os motivos que levaram a dupla a compor a canção e provocar a ira da maestrina e, até mesmo, se a denúncia da autora de "Lua Branca" é procedente, mas me arrisco em algumas considerações. O fato é que o talento musical, tanto de Heckel quanto de Peixoto, é inquestionável, comprovado por um vasto repertório de grandes canções. Heckel, reconhecidamente, era um pesquisador apaixonado por temas regionais. O compositor foi criado em Maceió e, nas palavras do Dicionário Cravo Albim, “convivendo com a música tradicional dos repentistas, cantadores de desafios, reisados e congadas, que teriam forte influência em sua música”. Portanto, é difícil imaginar um plágio voluntário de um profundo estudioso. A proximidade com “Chiquinha da Polca”, principalmente por parte de Peixoto, talvez tenha influenciados a dupla, já há muito tempo envolvida com peças e teatros de revistas. Um reforço a esta tese é o registro na Biografia de Luiz Peixoto, escrita por Lysias Enio e Fernando Vieira. No livro “Luiz Peixoto – Pelo buraco da fechadura”, os autores informam , de forma instigante, que a parceria musical Heckel-Peixoto começou em 1918 e que as primeiras composições da dupla “nasceram nos libretos das revistas musicadas por Chiquinha Gonzaga, José Nunes, Júlio Cristobal e outros”, sem, entretanto, se referir de forma explícita à acusação da pianista, o que, talvez, reforce uma possível influência recebida, mas não deixa claro o rótulo de plágio.
Um artigo publicado no site Cifrantiga (site https://cifrantiga. wordpress.com/category/hekel-tavares) também ameniza a acusação, dando a seguinte abordagem:
“[...] Como acontece muitas vezes a músicas de sucesso, houve, à época do lançamento, quem considerasse “Casa de Caboclo” plágio de um tema de Chiquinha Gonzaga, levando a discussão aos jornais. Daí a informação que figura em algumas de suas regravações: ‘Canção baseada em motivos de Chiquinha Gonzaga'”.
Rosa Nepomuceno, no seu livro “Música Caipira: da roça ao rodeio”, embora sem se aprofundar, também se refere ao fato, indo um pouco além do termo “Canção baseada sobre motivos de Chiquinha Gonzaga”, acrescentando que tais motivos seriam trechos da modinha "Bela Rosa". Vejamos o que diz a escritora:
“Heckel Tavares vivia na cidade maravilhosa e compôs, nessa época, alguns de seus maiores sucessos:” Sussuarana , em 1927, e no ano seguinte “Casa de Caboclo” com letras do poeta niteroiense Luis Peixoto [...]. A última canção, sobre motivos da maestrina Chiquinha Gonzaga (trechos de sua modinha ‘Bela Rosa’ [“...]” .
“Heckel Tavares vivia na cidade maravilhosa e compôs, nessa época, alguns de seus maiores sucessos:” Sussuarana , em 1927, e no ano seguinte “Casa de Caboclo” com letras do poeta niteroiense Luis Peixoto [...]. A última canção, sobre motivos da maestrina Chiquinha Gonzaga (trechos de sua modinha ‘Bela Rosa’ [“...]” .
O certo, nesta história toda, é que Casa de Caboclo tornou-se um grande sucesso na voz de Gastão Formenti em 1928 e foi regravada várias vezes por muita gente boa: Inezita Barroso, Paulo Tapajós, Carlos Galhardo, Renato Teixeira, Luiz Gonzaga e até pelo ex-jogador de futebol Sócrates. A música inspirou uma verdadeira febre de canções com argumentos sertanejos no final dos anos 20 e serviu, posteriormente, de modelo para outros grandes sucessos, inaugurando uma sucessão de singelas canções sertanejas baseadas em comoventes tragédias pessoais. Quem não se lembra de “Chico Mineiro e Menino da Porteira”?
Por sua vez, o caso do cantor Fagner, independentemente dos motivos que o levou a gravar “Penas do Tiê”, restou um evidente benefício para a música brasileira: mesmo que involuntariamente, a polêmica ajudou a resgatar a obra de Heckel Tavares. Clássicos com Suçuarana, Guacyra, Azulão, Leilão, dentre outros, voltaram a ser gravados, saindo do restrito âmbito dos tenores e sopranos de óperas. Um do justo reconhecimento a um dos grandes nomes da música do país.
Ouça a música na versão de Paulo Tapajós.
Ouça a música na versão de Paulo Tapajós.
Nota: Não conhece as músicas de Heckel Tavares? Disponibilizei uma amostra da composições do alagoano no post “A obra de Heckel Tavares” (aqui). Você vai de deliciar com quatro das mais de cento e cinquenta músicas do compositor: Suçuarana, Guacyra, Azulão e Leilão.
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