Mais uma boa nova que chupei do ótimo Blog da Revista Singular, do meu amigo jornalista Eliézer Rodrigues (aqui).
"Gonzagão" está a caminho e deverá ser lançado em abril
O novo livro da dupla Arievaldo Viana – Jô Oliveira, “O Rei do Baião – do Nordeste para o mundo - uma biografia de Luiz Gonzaga no formato cordel ilustrado, deverá ser lançado no dia 17 de abril na Bienal Brasil do Livro de Brasilia, pela editora Planeta Jovem, antecipando as comemorações de seu centenário, que ocorrerá no dia 13 de dezembro de 2012. A equipe da editora está trabalhando arduamente para que o lançamento aconteça dentro do prazo previsto e as primeiras provas gráficas já chegaram às nossas mãos. Na imagem acima, uma das propostas para a capa (ainda não é definitiva).Eis o texto da contracapa:
“ Ele nasceu em 1912. E se estivesse vivo em 2012, Luiz Gonzaga completaria 100 anos!
Existem dois nordestes brasileiros: um antes e outro depois do Rei do Baião: em vez de região nordeste, tudo se confundia e o nordeste se fundia com a região norte: “sou do norte”, “esta é comida lá do norte”.
Além de divulgar suas músicas com temas sobre o sertão, o velho Lua apresentou a cultura brasileira para os quatro cantos do país. E ritmos como xote, baião, forró e xaxado, tornaram-se conhecidos e influenciaram outros ritmos, criando novas gerações de cantores e compositores.
Em O Rei do Baião – Do Nordeste para o Mundo, o poeta cearense Arievaldo Viana “cordeliza” a vida de Luiz Gonzaga através de versos que ganham cor e sensibilidade através das gravuras do pernambucano Jô Oliveira.”
O cantor e compositor Sérgio Ricardo talvez seja o responsável pelo momento mais polêmico e marcante da era dos festivais. Ficou inesquecível o episódio ocorrido do III Festival de Música da Record em que, revoltado com as vaias intermináveis do público que o impedia de cantar sua música “Beto Bom de Bola”, quebrou o violão e o arremessou em direção do impiedoso público. Aquele dia iria entrar para a história da MPB e marcar definitivamente a carreira do compositor.
O curioso é que um ano depois da fatídica apresentação, o cantor subiu novamente ao palco do Teatro Record. Era a IV edição do festival. A apresentadora Sônia Ribeiro fez graça e anunciou que, desta vez, o compositor viria sem violão. Sérgio defendia sua música "Dia da Graça" e, como era comum na época, os censores da ditadura militar haviam cortado alguns versos da sua música. Sérgio optou, então, por emudecer na hora em que os versos proibidos pela censura deveriam ser cantados. O cantou ficou mudo, mas o povo não. Enquanto o polêmico compositor calava, a plateia irresignada cantava, como declarou, de peito lavado, o próprio Sérgio: "todo mundo cantou comigo. Fizemos as pazes, eu e o público paulista, fizemos as pazes naquele festival".
Mesmo com o apoio moral do público “Dia de Graça” não obteve boa colocação no Júri Popular, uma inovação naquela edição do festival, mas viria a ficar em quinto lugar no tradicional Júri Especial.O vídeo apresenta as cenas polêmicas do "arremesso de violão" mais famoso do Brasil.
Hoje, 27 de março, comemoramos o dia do circo. E falar de circo é falar de palhaço. A data é uma homenagem ao palhaço brasileiro Piolin, que nasceu nesse dia, no ano de 1897, na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo.
O vídeo abaixo homenageia dois dos maiores palhaços da história do circo brasileiro: Arrelia e Carequinha. Os dois mitos do riso tiveram uma vida longeva. Carequinha faleceu em 2006, pouco antes de completar 91 anos de idade e Arrelia nos deixou em maio de 2005 aos 99 anos. Duas vidas dedicadas ao riso.
Com efeito, se “rir é o melhor remédio”, fazer rir parece melhor ainda.
O Choro “André de Sapato Novo”, de acordo com o que é relatado no meio musical, foi inspirado em um momento banal da vida do próprio autor, o músico André Vitor Correia (Rio Bonito, RJ, 18/06/1888, Rio de janeiro, 4/03/1948), um respeitado artista da primeira metade do século XX.
Fala-se que André estava em um baile e passou momentos de sofrimento ao dançar com um apertado sapato. Dessa forma, as dores provenientes dos incômodos calos, um fato aparentemente corriqueiro, foram a inspiração para um músico talentoso nos legar um dos mais populares choros da história da música brasileira.
Comento: André faleceu em 1948. Nesse mesmo ano, o lendário Almirante, “A Mais Alta Patente do Rádio” então condutor de um programa de rádio denominado “O Pessoal da Velha Guarda”, em que participavam Benedito Lacerda e Pixinguinha, teceu interessante comentário sobre o famoso chorinho que nos ajudam a entender o momento de inspiração de André:
“Poucas músicas terão o privilégio de poder ser identificadas por uma nota, hein? E entre estas poucas está o grande choro “André de Sapato Novo”. Basta que Pixinguinha extraia do seu saxofone este Mi grave para que todos reconheçam logo que música vem por aí. Aquele grave, como todos sabem, representa a parada que faz a todo momento o indivíduo que calça o sapato novo que lhe aperta o pé. O calo está gritando dentro do calçado, e o jeito é fazer umas paradas para ajeitar os dedos comprimidos. O choro “André de Sapato Novo” do saxofonista André Victor Corrêa, falecido recentemente, segura as agonias do autor num dia em que calçou um sapato novo. A execução estará a cargo de Benedito na flauta e Pixinguinha no saxofone. Cada nota assim (Pixinguinha toca um Mi 2) no saxofone do Pixinguinha representa uma daquelas paradas providenciais. Ouçam”.
A genialidade de Chico Anysio não se resumia ao humor. O grande artista, falecido ontem, enveredou pela pintura, arte dramática, escreveu livros e também compôs várias músicas. O forró “A Fia de Chico Brito”, por exemplo, foi um grande sucesso na década de cinquenta na voz de Dolores Duran. A marcha rancho "Rancho da Praça Onze", gravada por Dalva de Oliveira em 1965, também foi muito executada. Ainda na música, o cearense fez parceria musical com Benito de Paula, João Roberto Kelly, Nonato Buzar, Raul Sampaio e Arnaud Rodrigues, dentre outros.
Da obra musical do grande cearense, particularmente, gosto de “Rio Antigo”, parceria com Nonato Buzar uma bela e saudosa homenagem às coisas e personagens do Rio de Janeiro da sua juventude, cidade onde morou a maior parte da sua vida. Também me deleito com a singela “Tributo ao Regional”, uma parceria com o também talentoso Arnaud Rodrigues, seu parceiro no impagável “Baianos e os Novos Caetanos”, quadro que parodiava Caetano Veloso e o grupo “Os Novos Baianos” e que viria inspirar a dupla na gravação de uma série de LP’s que se tornaram grandes sucessos na década de setenta.
As músicas de Chico nem sempre versavam sobre o humor. Da criatividade do maranguapense surgiram belas composições com teor político e forte romantismo, como “Folia de Rei”, até hoje cantada pelos brasileiros. “Tributo ao Regional”, por sinal, marcou minha adolescência e ainda me traz boas recordações. Talvez tenha sido uma das primeiras músicas que consegui acompanhar totalmente no meu, na época, iniciante e sofrido violão.
Diante de tantas evidências, com certeza, o Brasil não perdeu apenas um dos seus maiores humoristas, mas também um bom compositor. Confira ouvindo parte da bela obra de Chico Anysio. “Rio Antigo”, na voz de Alcione, “Tributo ao Regional” e “Folia de Rei” com o próprio Chico e Arnaud Rodrigues e a interpretação de Dolores Duran para “A Fia de Chico Brito” gravada na década de 1950.
A música “Com Açúcar com Afeto”, um grande sucesso de Chico Buarque na voz de Nara Leão foi feita sob encomenda da própria cantora. Quem contou a história foi o ´compositor, em uma entrevista publicada no site http://www.chicobuarque.com.br/.
Ele confidenciou que a Nara lhe deu o tema com detalhes. “[...] Ela pediu: "Eu quero uma canção que fala que a mulher sofre, a mulher espera o marido etc. e tal. Eu fiz pra Nara e pro tema exato que ela pediu. Uma canção sob encomenda mesmo”.
Bendita encomenda. O pedido de Nara Leão proporcionou mais um grande clássico da MPB.Ouça o belo lamento, imaginado por Chico para atender sua amiga.
Letra
Com Açúcar, Com Afeto
Chico Buarque
Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, vai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.
“Precisamos contar a história do Brasil como ela de fato aconteceu. O 2 de Julho é uma data importante para a independência do Brasil e precisa ser reconhecida como tal. Estou solicitando isto para a história permanecer e ser repassada corretamente.”
(Jaques Wagner, Governador da Bahia justificando a escolha do “Hino ao 2 de Julho” como Hino Oficial do Estado da Bahia).
O Hino Oficial do Estado da Bahia, composto por Ladislau dos Santos Titara (letra) e José dos Santos Barreto (música), faz referências ao 2 de julho de 1823, marco dos baianos na luta pela libertação do jugo português. Embora a Independência do Brasil já houvesse sido declarada em 7 de setembro de 1822, os baianos tiveram que continuar a luta contra tropas portuguesas resistentes comandadas pelo tenente-coronel Luiz Inácio Madeira de Melo, (1775-1833) até a completa evacuação destas, ocorrida no citado dia 2 de julho de 1823. Dessa forma, foi criado o argumento ufanista do hino que exalta importantes batalhas como a de Cabrito e Pirajá e proclama a liberdade e defesa da pátria como anseio maior do povo brasileiro “... com tiranos, não combinam brasileiros corações”.
Também conhecido como Hino ao Dois de Julho, o Hino baiano, curiosamente, só foi declarado oficial em 20 de abril de 2010, por meio da lei estadual nº 11.901, publicada no Diário Oficial do Estado de 21 de abril de 2010, sancionado pelo governador Jaques Wagner.
Comento: O professor da Universidade de Calgary, no Canadá Hendrik Kraay em um artigo intitulado “Erro Vitorioso”, publicado no site http://www.revistadehistoria.com.br (aqui) discorre sobre um fato curioso acontecido na luta baiana pela liberdade. Ladislau dos Santos Titara, o autor da letra do Hino, por sinal, participou da luta e foi testemunha do fato.
[..]} Na madrugada do dia 8 de novembro, 1.900 soldados portugueses avançaram pela Estrada das Boiadas rumo a Pirajá, e 550 marinheiros e soldados desembarcaram nas praias de Icaranha e Plataforma para atacar as posições adversárias pelo flanco. O ataque foi logo percebido e precipitou o início da batalha, que durou quase seis horas. [...] Os postos avançados brasileiros recuaram diante do primeiro ataque, e os portugueses se lançaram sobre o acampamento brasileiro. Quando percebeu a iminência do perigo, o major pernambucano José de Barros Falcão de Lacerda (1775-1851), que comandava os brasileiros, mandou tocar a retirada – havia diferentes toques para ordenar a movimentação das tropas. Mas, segundo o alferes Ladislau dos Santos Titara (1801-1861), o corneteiro Luís Lopes, natural de Portugal, deu o sinal de “avançar Cavalaria à degola”. O toque errado amedrontou os portugueses, que fugiram em disparada e foram perseguidos até as portas da cidade. Foi nesse momento que chegou a pequena Cavalaria brasileira, comandada pelo major Pedro Ribeiro de Araújo. Para ele, “aquele som foi o sopro do furacão”, e acabou incitando seus homens: “Partimos como loucos furiosos; todo o Exército obedeceu ao mesmo impulso [...]”.
Musica: José dos Santos Barreto
Letra: Ladislau dos Santos Tita
Nasce o sol a 2 de julho
Brilha mais que no primeiro
É sinal que neste dia
Até o sol é brasileiro
Nunca mais o despotismo
Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
Cresce, oh! Filho de minha alma
Para a pátria defender,
O Brasil já tem jurado
Independência ou morrer.
Nunca mais o despotismo
Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
Salve, oh! Rei das campinas
De Cabrito a Pirajá
Nossa pátria hoje livre
Dos tiranos não será
Nunca mais o despotismo
Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
“Patápio significa a imagem perfeita de um herói, admirado, seguido, respeitado e idolatrado por mim e pela grande maioria dos flautistas brasileiros"
(Altamiro Carrilho).
Com efeito, Altamiro Carrilho fala do alto da sua competência como grande flautista. É verdade, em qualquer relação de grandes nomes da flauta no Brasil, o do itaocarense Patápio Silva (1880-1907), com certeza, estará presente. Apesar de ter falecido precocemente, com apenas 27 anos, é considerado um mito da música nacional e, em conjunto com Baiano e Cadete, um dos pioneiros na gravação de fonogramas no Brasil.
Sua curta trajetória musical começou cedo. Em 1901 já era aluno Instituto Nacional de Música, onde concluiu com louvor o curso de flauta em tempo recorde - apenas dois anos, quando o normal era seis anos. Sua discografia, apesar de reduzida – são apenas 15 fonogramas, editados pela lendária Casas Edison do Brasil, do também lendário Frederico Figner – está entre as mais consagradas da época, sendo considerada uma referência para musicólogos e pesquisadores da MPB .São obras de rara beleza e, para os flautistas, de considerável dificuldade de execução, como: “Sernata D’Amore”, “Zinha”, "Primeiro Amor”, dentre outras.
A morte prematura do compositor, ocorrida em Florianópolis, onde fazia um concerto visando obter recursos para estudar na Europa, é atribuída a uma difteria, mas há especulações fantasiosas e jamais confirmadas, de que o músico foi vítima de um crime passional, envenenado a mando de um político enciumado.
Ouça “Primeiro Amor” uma das suas composições mais conhecidas, a valsa, por sinal, chegou a ser tema da abertura da novela “Nina” apresentada
em 1997 pela TV Globo. Também aprecie a polca “Só para moer”, de Viriato Figueira da Silva, gravada em 1904. Dois belos exemplos do virtuosismo do jovem flautista dos tempos das gravações mecânicas.
O mundo perdeu mais um grande nome da música. O cantor e compositor Lucio Dalla (Bolonha, 4 de março de 1943 — Montreux, 1 de março de 2012) faleceu hoje, aos 68 anos, vítima de um infarto. A última apresentação do cantor na Itália foi há uma semana, justamente no Festival da Canção de Sanremo. O mesmo festival onde, em 1971, o cantou despontou para o mundo vencendo com a música "Gesù Bambino", canção que Chico Buarque iria eternizar no Brasil com versão em português batizada de “Minha História”.
Em dezembro de 2011, publiquei o post "A história da Música 'Minha História' de Chico Buarque" (aqui) que conta detalhes curiosos sobre a famosa música de Dalla.
Em homenagem ao grande artista, confira "Caruso", um estrondoso sucesso do músico em meados da década de 1980.
“Suave é a noite”, uma bela versão brasileira de “Tender Is the Night”, música de Sammy Fain e Paul Francis Webster. A canção, incluída da trilha sonora do filme homônimo, recebeu indicação para o Oscar de melhor canção original de 1962.
A versão brasileira da letra foi composta por Nazareno de Brito e se tornou um grande sucesso na voz de Moacyr Franco.
Confira três belas interpretações. A de Luiz Melodia, a de Moacyr Franco e a do saudoso Agostinho dos Santos. Escolha - Qual a melhor versão?
Moacyr Franco.
Luiz Melodia
Agostinho dos Santos
Letra
Suave é a
Noite
É tão
calma a noite
A noite é de nós dois
Ninguém amou assim
Nem há de amar depois
Quando o amanhã nos separar
Em nossa lembrança hão de ficar
Beijos de verão, ternuras de luar
A brisa a murmurar sua canção
Tudo tem suave encanto
Quando a noite vem
A noite é só nossa
No mundo não há mais ninguém
Beijos de verão, ternuras de luar
A brisa a murmurar sua canção
Tudo tem suave encanto
Quando a noite vem
A noite é só nossa
No mundo não há mais ninguém