domingo, 25 de agosto de 2013

Frase do Dia. Alexander Woollcott.


"Todas as coisas de que gosto ou são imorais e ilegais ou engordam."


(Alexander Woollcott)
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domingo, 18 de agosto de 2013

Belos Poemas que Viraram Músicas. Brisa – Manuel Bandeira

Brisa, por definição, é um vento próximo da superfície do mar. Esse vento agradável é muito comum no nordeste brasileiro e que ainda hoje, em pequenas cidades do nordeste, leva famílias para calçadas para desfrutar do agradável momento de frescor noturno, tudo em meio a prosas intermináveis.

Brisa também é um curto e belo poema do pernambucano Manuel Bandeira (Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968), publicado em 1948, no livro Belo, Belo:


                                     Brisa
Vamos viver no Nordeste, Anarina
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também. Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.

A respeito do poema, o também poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, perguntado o que o assustava no Rio de Janeiro, respondeu, citando a obra de Bandeira como exemplo:

As distâncias, o movimento, o tráfego e o calor. É aquele calor desagradável… O calor aqui no Rio é abafado. O de Pernambuco é um calor ao ar livre. Até há um poema de Manuel Bandeira: “Vamos viver de brisa”. Faz calor no Nordeste, mas lá existe brisa. O calor do Rio é um calor sem brisa”.

As palavras de João Cabral talvez ajudem a entender o pensamento de Bandeira. Entretanto, fazer uma análise de um poema é sempre subjetivo. Vejo na obra do poeta uma busca pelas coisas simples da vida, a renúncia à agitação da cidade grande e ao excesso de responsabilidade. No poema, o poeta propõe uma volta às suas origens, ao torrão natal, uma saudosa homenagem à região onde passou parte da sua infância, tantas vezes relatadas em suas crônicas e poemas.

A genialidade de Bandeira dispensa as rimas, a rigor, inexistente em "Brisa". A aliteração provoca sonoridade nas palavras e se basta para perceber a busca pela vida tranquila, de forma desprendida. A sensação de liberdade extrema sentida com a lufada litorânea no rosto é traduzida com o uso de uma expressão popular no último verso “Vamos viver de brisa”- uma utópica vida ao Deus-dará, aspirada e nunca vivida por tantos.

Quanto ao nome Anarina, não tenho maiores referências, talvez apenas uma licença poética, um nome criado em razão da estética do poema...Há que sugira uma junção de nomes: Ana Carolina? Ana Catarina? O site http://www.significado.origem.nom.br, sem entrar em muitos detalhes, informa que o nome Anarina é de origem hebraica e significa “O Senhor Prometestes".

Pela musicalidade da sua obra, Manuel Bandeira é um dos poetas preferidos dos compositores brasileiros - talvez seja o escritor

com mais poemas musicados no Brasil. Com Brisa não foi diferente. O poema foi musicado pelo compositor Paquito e gravado, em 1996, por Maria Bethânia, no álbum “Âmbar”, produzido Guto Graça Mello. O baiano Paquito, em parceria com Jota Velloso, produziu dois respeitados discos de samba baiano: Diplomacia, de Batatinha que venceu o Prêmio Sharp de melhor disco de samba de 1999, que contou, além de Batatinha, com a participação de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. O Outro disco, Humanenochum, de Riachão foi indicado para o Grammy latino de 2001 também com convidados ilustres como Caetano Veloso, Tom Zé, Armandinho, Carlinhos Brown e Dona Ivone Lara.

Ouça a música.



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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Frase do Dia. James A. Garfield.

"Um quilo de determinação vale mais que uma tonelada de sorte."

(James Abram Garfield)

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sábado, 10 de agosto de 2013

Como foi criada a música “Beijo pela Noite”, de Carlos Lacerda, Jorge Amado e Dorival Caymmi.

Curiosidades da MPB.


Foi em um encontro especial de vários amigos, em uma aprazível fazenda de propriedade de Carlos Lacerda chamada Quindins, em Vassouras, estado do Rio de Janeiro, que seria criada uma canção envolvendo parceiros improváveis. Dorival Caymmi já iniciava sua carreira de grande compositor, já o escritor Jorge Amado e o político e jornalista Carlos Lacerda, entretanto, não tinham histórico musicais. Talvez a beleza do ambiente e o papo agradável do grupo de amigos presentes, entre eles os jornalista Samuel Wainer e Otávio Malta, além de alguns aperitivos a mais, propiciaram, naquela noite enluarada, a criação da música ”Beijos pela noite”, uma comovente seresta, nas palavras de Fernando Lobo “música saída das confraternizações entre amigos, das emoções e das carências de pessoas sensíveis como Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carlos Lacerda”.

A história de memorável encontro foi contada por Caymmi com detalhes no livro ‘Dorival Caymmi – O mar e o tempo’, escrito por Stela Caymmi:

... À noite, na varanda, [...] ocorreu a nós uma brincadeira. [...] Samuel tentou entrar com um verso ali, uma frase, uma coisa qualquer, mas não colou. A censura era entre eles, os letristas. Eu entrei com a melodia logo fácil e dei a partida na letra: ‘aqui o teu corpo nos meus braços’. Aí entrou Jorge ‘nossos passos pela estrada, nossos beijos pela noite, e a lua‘. Quando cantei ‘aqui... ’ estava com Quindins na cabeça, a ideia do lugar e sua beleza. Ocorreu tudo ao mesmo tempo. A gente nunca soube direito de quem partiu cada frase, se foi Malta, Samuel, Jorge ou Lacerda. Mas tem um pedaço que é bem Carlos Lacerda: ‘Nosso amor adolescente poderá recomeçar’. Todos davam palpites, mas os autores da letra mesmo foram Jorge Amado e Carlos Lacerda. O título “Beijos pela noite” foi colocado depois. Jorge era o escriba da letra.”.

Comento: “Beijo na noite” foi a primeira das quatro músicas composta pela dupla Jorge Amado e Dorival Caymmi, as outras foram; ‘Modinha para Teresa Batista’, ‘É Doce Morrer no Mar’ e ‘Cantiga de Cego’. O memorável encontro em Vassouras aconteceu em 1939. Na época, a maioria dos participantes se declarava vermelho (comunistas), mas os colegas da noitada ironicamente já chamavam Lacerda (foto) de “cor de rosa”, antevendo a guinada ideológica para a direita do político carioca, que aconteceria naquele mesmo ano sob o argumento de que o comunismo ‘levaria a uma ditadura, pior do que as outras, porque muito mais organizada, e, portanto, muito mais difícil de derrubar’. Apesar de pensarem em gravar a bela seresta, não se sabe por qual motivo, nunca o fizeram. A primeira gravação de “Beijo pela noite” somente aconteceria 55 anos depois, em 1994, num disco em homenagem aos 80 anos de Dorival, gravado por Danilo Caymmi e Simone Caymmi.


Ouça a bela canção.


Beijo na Noite
Letra:
Aqui, o teu corpo nos meus braços,
Nossos passos pela estrada,
Nossos beijos pela noite.
E a lua pelos campos, minha amada,
Pelos bosques, pelas águas,
Acompanha o nosso amor.
Hoje, já passado tanto tempo,
Pela noite escura e triste,
Pelas frias alamedas,
A chuva apaga a marca dos teus passos,
No caminho abandonado, a saudade é o meu luar.
Aqui, o teu corpo nos meus braços,
Nossos passos pela estrada,
Nossos beijos pela noite.
E a luz pelos campos, minha amada,
Pelos bosques, pelas águas,
Acompanha o nosso amor.
Um dia sentirás a mocidade,
No teu corpo fatigado,
Da saudade dos caminhos,
E então, sobre a lembrança dos meus beijos,
Nosso amor adolescente poderá recomeçar. Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Frase do Dia. Joseph Conrad.

"A crença numa fonte supranatural do mal é  desnecessária...Os homens por si mesmos são capazes de toda e qualquer maldade."

(Joseph Conrad)
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domingo, 4 de agosto de 2013

Como foi criada a música “Se é tarde me perdoa”.


Se é tarde me perdoa “ é a segunda música, da série composta pelos parceiros Ronaldo Bôscoli  e Carlinhos Lyra (foto direita) – a primeira foi "Lobo Bobo". Ronaldo já havia escrito o poema e desafiou seu novo parceiro a fazer a música. Lyra nunca tinha composto melodia para letra pré-elaborada, mas aceitou o desafio. Nascia ali um samba-canção romântico que iria cair no gosto de grandes cantores da MPB. O samba, nas palavras do escritor Denilson Monteiro, autor de uma detalhada da biografia de Bôscoli, é uma verdadeira “Ode a Indulgência” de um aflito amante infiel.

Décadas depois, em 1991, durante um show em sua homenagem, um emocionado Ronaldo Bôscoli (foto esquerda), já com sinais do câncer que iria matá-lo em 1994, mas sem perder o seu característico humor sarcástico, declarou:

“A música mais parecida comigo é ‘Se é tarde me perdoa’, que fiz com Carlinhos Lyra, pois eu sempre cheguei mentindo, cheguei partindo, cheguei à toa”. É o meu autorretrato” .

Ouça as versões de João Gilberto, do autor da música Carlos Lyra, de Toquinho e um destaque para um vídeo dos anos sessenta, com uma apresentação de Sylvinha Telles, uma das musas daquele grupo de jovens fundadores do movimento Bossa Nova. Escolha “Qual a melhor Versão?”.

Fonte: Monteiro, Denilson (2011), A bossa do Lobo: Ronaldo Bôscoli, São paulo, Editora Leya.


João Gilberto


Carlinhos Lyra

Toquinho

Sylvia Telles


Letra:
Se é tarde me perdoa
Se é tarde me perdoa
Mas eu não sabia que você sabia
Que a vida é tão boa
Se é tarde, me perdoa
Eu cheguei mentindo
Eu cheguei partindo
Eu cheguei à-toa
Se é tarde, me perdoa
trago desencantos
De amores tantos pela madrugada
Se é tarde me perdoa
Vinha só cansado

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Frase do Dia. Miguel de Cervantes.

"Trata de te conhecer a ti mesmo. A tarefa é mais árdua do que parece"

(Miguel de Cervantes Saavedra) Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

sábado, 3 de agosto de 2013

Max Gonzaga e a nossa classe média.


Classe Média, sarcástica música do cantor e compositor paulista Max Gonzaga, foi classificada para o Festival “Cultura-A Nova Música do Brasil” e lançada no CD Marginal, primeiro disco do artista. Apesar de ter sido gravada em 2005, parece que foi feita ontem e, pelo visto, muita gente deveria vestir a “carapuça”. 

Max, segundo seu site, é um dos fundadores do clube “Caiubi” de Compositores, um movimento que tem como proposta a valorização da música autoral entre compositores à margem da mídia e do mercado fonográfico. A obra está disponível para ser baixada no site do artista (aqui). 
Confira a cruel, mas realista visão do compositor sobre nossa elite, no vídeo abaixo.



Classe Média
Letra 
Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mas eu "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no "jardins"
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Frase do Dia. Hubert Humphrey.l

"Na democracia , o direito de ser ouvido não inclui automaticamente o direito de ser levado a serio"

(Hubert Horatio Humphrey, Jr.)
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