A mú
sica Nega Maluca, de Evaldo Ruy e Fernando Lobo, foi a inspiradora de uma famosa fantasia de carnaval homônima.
O samba foi um grande sucesso no carnaval de 1950 e, além de servir de mote para uma fantasia de Nega Maluca, tem uma história bastante interessante na sua gênese:
Evaldo Ruy (esquerda), certa vez, contou ao seu velho amigo Fernando Lobo (direita) , uma cena que presenciou em um bar: uma crioula insistia em entregar uma criança a um freqüentador do recinto alegando que o filho era dele. O rapaz, que estava jogando sinuca com colegas, se recusava a receber a criança repetindo, insistentemente, que o filho não era dele.
A história foi relatada por Fernando Lobo, em seu livro “À mesa do Vilarino, (páginas 87 e 88). No livro, o compositor detalha que Evaldo Ruy, ao ver a cena, falou para ele que ficara com o estribilho na cabeça e cantarolou o refrão:
Tava jogando sinuca,
Uma nega maluca, me apareceu,
Vinha com um filho no colo,
E dizia pro povo, que o filho era meu.
Depois desta conversa os dois foram ao Vilarino e, no caminho, Fernando criou a segunda parte:
...Há tanta gente no mundo,
Mas meu azar é profundo,
Veja você meu irmão,
A bomba, estourou na minha mão...
Era dia de inspiração e Ruy complementou no mesmo momento:
...Tudo acontece comigo,
Eu que nem sou do amor...
Até parece castigo,
Ou então influencia da cor!...
Estava, ali, criado um dos maiores sucessos do carnaval de 1950. Posteriormente um dos donos da “A Exposição”, uma loja popular da época, propôs que Fernando Lobo criasse uma fantasia utilizando os argumentos da música. Fernando lembrou-se da personagem Topsy de “A Cabana do Pai Tomás” e desenhou a sua versão da fantasia da nega maluca: um vestido vermelho, com bolas brancas, que poderia ser completado com uma carapinha com tranças e laços vermelhos na ponta, o rosto pintado de preto, meias pretas e sapatos baixos. A fantasia exposta na vitrine da loja foi um estrondoso sucesso de vendas e, até hoje, é um dos símbolos do carnaval.
Comento: Fernando Lobo conta no seu livro que, curiosamente, a primeira versão da música foi feita em ritmo de baião e oferecida a Luiz Gonzaga, mas o Rei do Baião não se interessou em gravar.
A música foi para a gaveta e, tempos depois, em um encontro casual com Francisco Alves, a dupla apresentou a música ao Rei da Voz que gostou, mas sugeriu que o ritmo fosse alterado para samba, alegou, se desculpando, que o repertório do seu disco estava fechado e que não iria ser possível gravar no momento.
Depois do insucesso com Francisco Alves, os dois grandes compositores foram falar com Linda Batista, que fazia um show no Vogue. A cantora ficou entusiasmada com o samba e resolveu gravar já no dia seguinte. A música ainda viria a ser gravada por muita gente, até Amália Rodrigues, a Rainha do Fado, gravou o samba.
Os vídeos abaixo apresentam a versão de Linda Batista e a de Amália Rodrigues . Escolha a sua.
Versão cantada por Linda Batista
Versão cantada por Amália Rodrigues