O Atari, no início da década de 80, era o que tinha de mais moderno em videogame. O modelo distribuído pela Polivox se transformou em uma verdadeira febre entre os brasileiros; crianças e adultos, e só foi terminar por volta de 1987, com a popularização dos microcomputadores.
A propaganda de lançamento do Atari no Brasil foi criada pela DPZ, em 1983
Vamos viver no Nordeste, Anarina. Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha. Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante. Aqui faz muito calor. No Nordeste faz calor também. Mas lá tem brisa: Vamos viver de brisa, Anarina.
Elomar Figueira Mello, O Príncipe da Caatinga, é um daqueles artistas que marcam pela profundidade da obra. O estilo é único, cheio de expressões regionalistas ou “dialeto sertanez”, como prefere se referir. O cantor é reservado, prefere a tranqüilidade do sertão, não economiza crítica à modernidade e invasão do estrangeirismo na nossa língua. Anda afastado da mídia, mas, mesmo assim, ainda é cultuado por diversos segmentos da sociedade brasileira. A respeito do seu público, ele declarou em entrevista ao Jornal Zero Hora:
“Meu público vai de um catedrático de História, de Antropologia, de Letras, da USP, da Federal da Bahia, da Federal do Rio de Janeiro, a um simples mecânico da linha Rio-Bahia, com as unhas atoladas de graxa, a um simples vaqueiro do campo, um pequeno barqueiro da feira de Vitória da Conquista. Meu público, ou é o peãozinho lascado de baixo, que é atraído pela temática e pela linguagem dialetal, ou é um intelectual. Fica nessa faixa, cortando o elemento do miolo. O meio do corpo, aquele público mediano, não é público meu. Esse meião é o público do produto dos meios de comunicação. Não precisa citar nome, você já sabe quem são eles. Esses, que têm nome no Brasil inteiro. O meio campo intelectual não gosta de Elomar. Em outras palavras, não é eleito, porque o meu público é formado por gente eleita.”
Elomar, além de músico respeitado, é arquiteto, formado pela Universidade Federal da Bahia. O compositor se declara um apaixonado pela vida do campo, possui duas pequenas fazendas no semi-árido do sudoeste da Bahia, onde cria carneiros, cabras e algum gado. Lá, na caatinga, o violeiro tem passado grande parte da sua vida “em lidas de currais e campo: ferra de animais, vacinação, abalizando cercas, montando cancelas e outros tantos afazeres”.
Incansável, o músico escreveu um romance: Sertanílias, “a narrativa de um anti-herói, Sertano, um vaqueiro culto que lê Virgílio, Flaubert e Herculano sem recorrer a dicionários e que sabe das coisas, um bocado delas que habita mundos de físicas e matemáticas conhecidas e não conhecidas.”
Sobre Elomar, muita coisa já foi escrita, inclusive algumas teses de mestrado. Vinicius de Moraes, por exemplo, escreveu na contracapa do LP... das barrancas do Rio Gavião", de 1973, um perfil definitivo:
"A mim me parece um disparate que exista mar em seu nome, porque um nada tem a ver com o outro, No dia em que "o sertão virar mar", como na cantiga, minha impressão é que Elomar vai juntar seus bodes, de que tem uma grande criação em sua fazenda "Duas Passagens", entre as serras da Sussuarana e da Prata, em plena caatinga baiana, e os irá tangendo até encontrar novas terras áridas, onde sobrevivam apenas os bichos e as plantas que, como ele, não precisam de umidade para viver; e ali fincar novos marcos e ficar em paz entre suas amigas as cascavéis e as tarântulas, compondo ao violão suas lindas baladas e mirando sua plantação particular de estrelas que, no ar enxuto e rigoroso, vão se desdobrando à medida que o olhar se acomoda ao céu, até penetrar novas fazendas celestes além, sempre além, no infinito latifúndio."
Na década de setenta, Henfil, o famoso cartunista, se inspirou em uma história de Elomar para criar um de seus personagens: o bode Orellana. Sobre o assunto o baiano declarou em uma entrevista ao Jornal do Comércio:
“O bode Orellana realmente existiu. Morreu em 1976, uma onça comeu ele. Conheci Henfil numa noite no Rio, quando ele descobriu o bode, a onça. O dia já amanhecendo e ele me disse que eu havia trazido um presente para ele, que tinha um personagem engavetado, Zeferino, mas não tinha encontrado companheiro para ele. Esse bode eu comprei em São Paulo, a um italiano. Ele tinha necessidade de comer capim, palha seca, mas como não havia, comia papel. Uma vez comeu uma nota de 500 não sei o quê do italiano. O bode comia livro. Então Henfil falou que se o bode comia livro então era um bode intelectual, e criou o personagem.”
Aos setenta e dois anos, completados em 21 de dezembro de 2009, Elomar informa, para nossa alegria, que a lida de fazendeiro não alterou suas atividades de músico: continua fazendo shows – ou concertos como prefere chamar, e compondo na maior parte do tempo. Com certeza, música da boa, feita por um arquiteto, um arquiteto que dá forma a cultura nordestina.
Confira no vídeo o estilo inconfundível e respeitado do baiano de Vitória da Conquista.
O Hino de Roraima, estado mais jovem da federação, foi composto pelo poeta roraimense Dorval de Magalhães. A música é do maestro piauiense Dirson Felix Costa.
O hino foi escolhido por meio de concurso promovido pelo Governo de Roraima em 1996.
Letra "Todos nós exaltamos Roraima Que é uma terra de gente viril, É benesse das mãos de Jesus, Para um povo feliz, varonil! Amazônia do Norte da Pátria! Mais bandeira para o nosso Brasil! Caminhamos sorrindo, altaneiros, Almejamos ser bons brasileiros. Estribilho Nós queremos te ver poderoso, Lindo berço, rincão Pacaraima! Teu destino será glorioso, Nós te amamos, querido Roraima! Tua flora, o minério e a fauna São riquezas de grande valor, Tuas águas são limpas, são puras, Tuas forças traduzem vigor. Que belezas possui nossa Terra! Sinfonia que inspira o amor! O sucesso é a meta, o farol No lavrado banhado de sol! Estribilho Nós queremos te ver poderoso, Lindo berço, rincão Pacaraima! Teu destino será glorioso, Nós te amamos, querido Roraima!"
Arnaud Rodrigues, falecido nesta terça-feira, 16-02-2010, em um naufrágio de uma embarcação, ocorrido em um lago próximo a cidade de Palmas – Tocantins, além de grande comediante, era ator, redator, músico e um excelente compositor.
Dono de uma criatividade invejável, o comediante formou, no início da década de setenta, em parceria com o grande Chico Anysio, uma dupla antológica chamada “Baiano e os Novos Caetanos”, uma brincadeira onde satirizava o estilo comportamental dos cantores baianos da época, mas especificamente Caetano Veloso e o grupo musical “Novos Baianos”.
O quadro, apresentado no programa Chico City, deu fruto a dois LP´s, gravados em 1974 e 1975, que foi grande sucesso de crítica e vendas, contando - além das previsíveis músicas engraçadas, carregadas de críticas e sátiras políticas e sociais, como: "Vô Batê Pá Tu” e "Urubu Tá com Raiva do Boi" - canções românticas como: “Folia de Reis” e “Tributo ao Regional” onde dizia: “Não há considerações gerais a fazer Tá tudo aí... Tá tudo aí, Para quem quiser ver...”.
Em tempos de vacas magras no humorismo brasileiro, onde predominam o escracho e acidez, a morte de Arnaud Rodrigues deixa mais pobre um estilo de humor inteligente e inocente, cada vez mais difícil de encontrar no humor hodierno.
Os vídeos abaixo apresentam respectivamente: “Folia de Rei”, feita em parceria com Chico Anysio, e uma apresentação da dupla no Chico City, uma pequena amostra do grande talento de Arnaud Rodrigues. .
Turbilhão, uma contagiante marchinha cantada por Moacyr Franco, foi um grande sucesso por pelo menos dois carnavais, no final dos anos setenta, período que o estilo, infelizmente, já estava em declínio. Confesso que até hoje tenho saudade daquele carnaval, em Baía da Traição, bela praia do litoral paraibano.
A respeito das marchinhas, um fenômeno interessante vem acontecendo, pelo menos em Fortaleza, minha querida capital do Ceará: durante o pré-carnaval, nos últimos quatro anos, está se observando um crescimento vertiginoso de blocos carnavalescos nos diversos bairros da cidade, a grande maioria, animados por bandas de sopro que relembram as marchinhas e frevos dos velhos carnavais e o melhor: com a participação de milhares de pessoas.
Recentemente, participei do grupo organizador de um destes blocos: O Bigode Folia, ocorrido no último sábado. Com pouco tempo de preparação, muita vontade dos amigos da Confraria do Bar do Bigode e algum apoio dos comerciantes do bairro da cidade 2000, realizamos um alegre evento, onde preponderaram marchinhas, frevos e alegres foliões, que se divertiram intensamente ao som das tradicionais marchinhas e frevos pernambucanos.
Outros pontos fortes da festa: a participação da comunidade que aos poucos volta a ter aproximação com o espaço público, e a presença de jovens, geralmente filhos e netos dos foliões, uma boa forma de ter contato com o estilo de um carnaval diferente e quem sabe: ajudar a mantê-lo.
Vamos torcer para que a onda pegue definitivamente e tenhamos um "turbilhão" de marchinhas no próximo Carnaval.
O vereador João Alfredo (PSol) convida a sociedade a aderir a campanha para que a lei que criou a ARIE “Área de Relevante Interesse Ecológico Dunas do Cocó" (foto) tenha validade. O parlamentar explicou, na tarde de hoje, no Blog do Eliomar de Lima, as justificativas para a reivindicação:
“Em meados do ano passado, a Câmara Municipal de Fortaleza aprovou, devido à mobilização dos movimentos sociais e ecológicos, a Lei que cria a Área de Relevante Interesse Ecológico “Dunas do Cocó”, protegendo, assim, uma área verde de 15 hectares, localizada em Fortaleza (CE), que está sendo ameaçada pela construção de um empreendimento imobiliário.
Não obstante a importância desta ação, o Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará, Desembargador Ernani Barreira, atendendo aos interesses de empresários, concedeu liminar cancelando os efeitos da Lei. Cabe a nós lutarmos para garantir a proteção ao meio ambiente!
Esta ação pode começar com um ato simples: assinar a petição “Em defesa da constitucionalidade pela Lei Municipal de Fortaleza 9.502/2010″, que será dirigida aos desembargadores a fim de que a decisão do Presidente do Tribunal de Justiça seja modificada.
O Clube da Viola, atendendo aos anseios do público de Fortaleza, traz dia 04 de Março para única apresentação no Teatro José de Alencar o poeta Jessier Quirino.
Será uma oportunidade rara assistir ao espetáculo “Berro Novo”, o mais recente trabalho do fantástico declamador paraibano, haja vista que a sua agenda está absolutamente lotada para os próximos meses (vide site do artista). Além do deleite com o show a platéia poderá também adquirir todo o seu material literário e fonográfico, inclusive o recém lançado livro Berro Novo (acompanha CD), devidamente autografados.
Jessier Quirino, o Mago da Declamação
Serviço Evento: Show “Berro Novo” com Jessier Quirino Local: Teatro José de Alencar – Centro – Fortaleza/CE. Data: 04/03– 20 Horas Organização: Clube da Viola Informações: Orlando Queiroz: (85) 9998.0827 - 8856.2190 - violanordestina@yahoo.com.br
Apoio Cultural: APCEF-Saúde – O Convênio do Pessoal da Caixa Econômica Federal. Confira as vantagens de se associar ao APCEF-Saúde pelo site www.apcefsaudece.com.br ou pelos telefones (85) 3264.9500 – 3229.0797 obs: Vale a pena conferir este show imperdível, para curar a ressaca do carnaval com boas risadas
Do Blog do Cristiano Goes. http://cristianogoes.blogspot.com/
Morreu na noite desta segunda-feira, 08-02-2010, aos 70 anos, no Hospital São Luiz Gonzaga, em São Paulo, o cantor sertanejo José Ramiro Sobrinho, o Pena Branca, vitimado por insuficiência respiratória. O cantor ficou famoso no Brasil se apresentando em dupla com seu irmão mais novo, Ranulfo Ramiro da Silva, o Xavantinho, falecido em 1999. Pena Branca nasceu em Igarapava, em 1939.
A dupla iniciou a carreira em 1958, apresentando-se em uma rádio de Uberlândia, cidade onde moraram por um bom tempo. Em 1968, como tantos, seguiram para São Paulo para tentar a vida artística.
Legítima representante da verdadeira música caipira, a dupla aos poucos foi ganhando a atenção do público e crítica, chegando a ganhar o prêmio Sharp de melhor dupla e melhor música em 1992. Sem abrir mão do seu estilo, Pena Branca e Xavantinho ganhou respeito de seus pares e gravou com grandes nomes da Música Popular Brasileira, como: Milton Nascimento, Chico Buarque, Renato Teixeira, Fagner, Almir Sater, dentre outros.
Com a morte de Xavantinho, Pena Branca seguiu carreira solo, recebendo o Grammy Latino de Melhor Disco Sertanejo com o álbum “Semente Caipira”, gravado com o grupo Viola de Nóis. Em 2008, gravou “Cantar Caipira”, seu último trabalho.
No seu velório, ocorrido hoje, os fãs e amigos cantaram Cálix Bento, um grande sucesso da dupla.
Da série “Belos Poemas Que Viraram Músicas” viajamos até o final do século XIX, para buscar a poesia de Olavo Bilac. O Soneto XIII, extraído do Poema Via Láctea, título de um conjunto de 35 sonetos de uma antologia do poeta parnasiano, publicado no livro Poesias, em 1888 - uma verdadeira obra-prima.
Inspirada nos versos de Bilac, a vocalista do Kid Abelha, Paula Toller e seu companheiro de grupo, o saxofonista e violonista George Israel, colocaram a música no soneto, também conhecido como Ouvir Estrelas. A música foi gravada pelo Kid Abelha, no álbum AUTOLOVE , de 1998,portanto, 110 anos após o grande momento de inspiração do poeta.
Embora os músicos, talvez por necessidade musical, tenham alterado e até mesmo suprimido trechos do poema, a bela voz de Toller compensa a licença poética em relação ao texto original da obra de Bilac. O poema, com certeza, é um dos mais famosos da história da poesia brasileira e, talvez, pelo seu lirismo levado ao extremo, é apreciado e declamado de cor por muitos brasileiros.
Uma curiosidade: além da versão dos dois componentes do Kid Abelha, um trecho do poema foi incluído na música Divina Comédia Humana, do compositor Belchior. Quem não se lembra do refrão? "Ora Direis ouvir estrelas, certo perdestes o senso, e eu vos direi, no entanto"...E o compositor do Ceará complementava com versos da sua própria lavra “enquanto houver espaço tempo e algum modo de dizer não eu canto”.
Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865, onde também faleceu, em 28 de dezembro de 1918, aos 53 anos. Era conhecido pelos seus hábitos boêmios, desistiu da faculdade de Medicina no 4° ano e a de Direito no 1°. Na verdade, sua paixão era a palavra, se dedicando ao jornalismo e a literatura, sendo reverenciado como um dos mais legítimos parnasianos brasileiros. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, é o autor da letra do Hino da Bandeira, algumas de suas principais obras foram: Poesia (1888), dividida em “Panóplias”, “Sarças de fogo”, “Via Láctea” e a poesia infantil “Tarde”.
Paula Toller optou, desde 2007, pela carreira solo, o mesmo aconteceu com seu parceiro George Israel. O Grupo Kid Abelha, foi um grande sucesso nos anos 80 e 90, por enquanto, está desativado. De acordo com o site da Banda, na aba de Agenda, está o seguinte comunicado:
“No momento, o Kid Abelha faz uma pausa em suas atividades regulares e seus integrantes se dedicam a projetos individuais. Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato, trabalham artisticamente não só suas composições e seus lançamentos, mas também seu tempo, e por essa razão decidiram fazer um período sabático e de planejamento de futuros trabalhos. Qualquer nota sobre o fim da banda é falso, mera especulação sensacionalista”.
O período sabático a que se refere a nota iniciou-se em 2007.
para mais textos e vídeos sobre poemas que foram músicados clicar no marcador "Belos poemas que viraram músicas"
Soneto XIII Olavo Bilac
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto A via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: " Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: Amei para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas".
O Belo Hino do Acre, terra de Chico Mendes, Marina da Silva, Adib Jatene, Glória Peres e João Donato, foi composto em um acampamento do exército, no dia 5 de outubro de 1903, na localidade de Capatará, pelo médico e poeta Dr. Francisco Mangabeira. A música foi criada pelo músico amazonense Mozart Donizeti.
O autor da letra do Hino do Acre teve o seu centenário de nascimento celebrado no Senado Federal, por iniciativa do Senador Jorge Kalume, na sessão ordinária de 30 de maio de 1979.
Hino Acreano
Letra: Francisco Mangabeira Música: Mozart Donizetti
Que este sol a brilhar soberano Sobre as matas que o vêem com amor Encha o peito de cada acreano De nobreza, constância e valor... Invencíveis e grandes na guerra, Imitemos o exemplo sem par Do amplo rio que briga com a terra Vence-a e entra brigando com o mar
Fulge um astro na nossa bandeira Que foi tinto no sangue de heróis Adoremos na estrela altaneira O mais belo e o melhor dos faróis
Triunfantes da luta voltando Temos n'alma os encantos do céu E na fronte serena, radiante, Imortal e sagrado troféu O Brasil a exultar acompanha Nossos passos portanto é subir Que da glória a divina montanha Tem no cimo o arrebol do porvir
Fulge um astro na nossa bandeira Que foi tinto no sangue de heróis Adoremos na estrela altaneira O mais belo e o melhor dos faróis
Possuímos um bem conquistado Nobremente com armas na mão Se o afrontarem, de cada soldado Surgirá de repente um leão Liberdade é o querido tesouro Que depois do lutar nos seduz Tal o rio que rola, o sol de ouro Lança um manto sublime de luz
Fulge um astro na nossa bandeira Que foi tinto no sangue de heróis Adoremos na estrela altaneira O mais belo e o melhor dos faróis
Vamos ter como prêmio da guerra Um consolo que as penas desfaz Vendo as flores do amor sobre a terra E no céu o arco-íris da paz As esposas e mães carinhosas A esperarem nos lares fiéis Atapetam a porta de rosas E cantando entretecem lauréis
Fulge um astro na nossa bandeira Que foi tinto no sangue de heróis Adoremos na estrela altaneira O mais belo e o melhor dos faróis
Mas se audaz estrangeiro algum dia Nossos brios de novo ofender Lutaremos com a mesma energia Sem recuar, sem cair, sem temer E ergueremos, então, destas zonas Um tal canto vibrante e viril Que será como a voz do Amazonas Ecoando por todo o Brasil Fulge um astro na nossa bandeira Que foi tinto no sangue de heróis Adoremos na estrela altaneira O mais belo e o melhor dos faróis.
Vila de Manituba - é a sede do Distrito de Manituba, um dos 9 distritos que formam o Município de Quixeramobim-Ceará-Brasil. Substantivo nativo que traduz “lugar de muito algodão” (amaniú – algodão; tuba – abundância), antes se chamava Algodões e os originários de “algodoeiros”. Sinto-me um deles, aonde quer que esteja, pois além de amigos, tenho parentes - boa parte boa da minha infância e juventude que contribuiu para me formar a têmpera. Lugar da predileção de meu pai, Alfredo Machado, onde tinha fazenda com o mesmo nome.
Tem os Amaral, Genuíno, Nel, Ribeiro, Cordeiro, Ferreira, Castro, Inácio Euclides, Patrício, Pedro, Gualdino, Ramalho, Sindeaux. Uma parte de ascendência predominantemente portuguesa, muito brancos de cútis avermelhadas. Outros miscigenados e, estes últimos, de parcial ancestralidade francesa, aos quais deveriam chamar o nome pronunciando “sandô”, mas dizem “sindô”. Seu Zé Sindeaux, o patriarca, foi-se com mais de 100 anos vividos.
De Manituba recolhi em rodas-cadeiradas-de-prosas-noturnas-de-lua-cheia as estórias tenebrosas de um tal Antõe Chico, o lobisomem, morador pras bandas do Jardim ou Riacho Verde, no rumo da Pedra Branca, que, segundo narravam, virava bicho, qualquer bicho, bastava querer, desde que fosse noite e a lua estivesse cheia. Dos participantes da roda, deles até já tinham visto e outros brigados com o lobisomem, o Antõe Chico virado... na “gota serena”. Contavam em detalhes a refrega severa – o bicho e o homem, no manejo e na ponta da faca, que só desencantava (virava gente de novo - desvirava) se atingido com a arma empunhada pela mão esquerda.
Um dos muitos contos dizia de um ferimento à faca sofrido pelo homem-bicho-homem. No dia seguinte, o adversário da noite anterior foi à casa do Chico-homem e constatou: tava lá a ferida em seu ombro, no “meeermo” local da que fora provocada no Chico-bicho. De tudo, quase todos acreditavam, gente grande, inclusive eu, gente miúda. Como não acreditar? Tudo tão bem encenado, muito bem detalhado, por pessoas mais velhas a quem respeitava e acreditava! Não havia porque não acreditar. O menino que era, em estado de semi-hipnose, ia dormir sobremodo assombrado, antecipando o alvorecer sob pesadelo e sudorese, em plena madrugada do frio do Sertão.
Antõe se transformava com mais freqüência em guaxinim, um felino muito ágil de pêlo mais pra escuro e dentes afiados, um gato grande, diziam. O guaxinim também é conhecido como iguanara, jaguacinim, mão-pelada. Mais tarde o conheci, no alpendre da casa do Otávio Gato (Jardim), desejo sempre acalentado. Fui tomando chegada com precaução. Um misto de encantamento e decepção: vi um velhinho baixo, gordinho, barba e cabelos brancos, pele alva, olhos claros (acho que azuis) e vista já curta. Semblante bem mais próximo de Papai Noel. Aparentemente inofensivo, gostava das estórias que corriam mundo em seu redor, cunhadas pelo imaginário popular. E fazia por onde tivessem curso, assumindo ares de verdade. Dentre outras, rosnou olhando pra mim. Ri.
O Decreto-Lei nº 1.156, de 04.12.1933, elevou Algodões à condição de Distrito de Quixeramobim. Cinco anos depois, aos 20.12.1938, a Lei nº 448 mudou-lhe o nome para Manituba.
Foi lá que o Sertão entrou em mim para nunca mais sair.
Comento: O autor do texto, meu amigo Ricardo Machado, é Promotor de Justiça e um apaixonado pelas coisas do sertão, especialmente sua querida Quixeramobim, localizada no Sertão Central do Ceará.
Há tempos, postei uma matéria apresentada na TV O Povo (aqui), onde Machado apresenta a varanda do seu apartamento, na capital cearense, totalmente decorada com artefatos e temas ligados a cultura e costumes sertanejos.
Logo depois, curioso, fui conhecer o recanto e, entre selas, candeeiros, estátuas de Santo Antônio, fotos coloridas artificialmente, dentre outros apetrechos típicos, fiquei maravilhado com o aconchego do ambiente, por ele batizado de GRÊMIO LÍTERO-RECREATIVO “FORTALEZA-PEDRA BRANCA VIA QUIXERAMOBIM”.
Logo ao entrar no local o visitante se sente transportado para o sertão, e quem não gosta? Neste ambiente de descontração, passamos algumas horas, como se diz no interior: “trocando um dedinho de prosa”, desfrutando, paradoxalmente, de uma agradável brisa que vinha da praia do Futuro.
As fotos abaixo dão uma visão do acolhedor refúgio sertanejo de Ricardo.
A Fundação Ibero-americana para a Gestão da Qualidade (FUNDIBEQ) anuncia a abertura da convocatória do Prêmio Ibero-americano de Qualidade - edição 2010, dirigida a todas as organizações ibero-americanas, sejam do setor público ou privado, interessadas em promover excelência na gestão dos seus processos e alcançar reconhecimento internacional.
Nesta edição, foi introduzida a categoria Administração Pública, sendo requisito para as organizações candidatas terem sido avaliadas ou terem feito autoavaliação, segundo algum dos seguintes modelos: Ibero-Americana Carta para a Gestão Pública; Prêmio Nacional; Prêmio Regional; EVAM (Modelo de Avaliação de Aprendizagem e Aperfeiçoamento); e/ou CAF (Estrutura Comum de Avaliação).
Todas as informações e documentação relativas ao Prêmio Ibero-americano de Qualidade - edição 2010 estão disponíveis no site da FUNDIBEQ: www.fundibeq.org. Quaisquer dúvidas serão respondidas no telefone +34 91 529-4918 ou no e-mail premio@fundibeq.org.
A obra de Manuel Bandeira é repleta de citações e homenagens a amigos que o poeta admirava, seja por seus dons artísticos ou mesmo pelo temperamento.
Na obra do escritor são citadas várias personalidades que chamaram sua atenção: o grande amigo compositor e violonista Jaime Ovalle, por exemplo, era figura carimbada nas poesias e crônicas de Bandeira, o sambista Sinhô e o filho de José do Patrocínio; o também jornalista, Zeca Patrocínio foram outros que tiveram seus momentos de convivência e até seus respectivos velórios registrados pela pena de Bandeira. Também tiveram citações: o músico Catulo da Paixão Cearense e os poetas Augusto Frederico Schmidt e Carlos Drummond de Andrade, dentre tantos outros.
As referências aos amigos eram realizadas tanto em bem elaboradas crônicas, como em belos poemas, a exemplo de Quintanares, uma genial e sonora homenagem bem ao estilo do homenageado - Mário Quintana, saudado pelo poeta pernambucano na Academia Brasileira de Letras em comemoração aos sessenta anos de Quintana.
Meu Quintana, os teus cantares Não são, Quintana, cantares: São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares... Insólitos, singulares... Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares, Abrem sempre os teus cantares Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares. Onde as lágrimas são mares De amor, os teus quintanares. São feitos esses cantares De um tudo-nada: ao falares, Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares Como em mansões seculares Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares Se beijam sem que repares Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares. Quer no horror dos lupanares. Cheiram sempre os teus cantares Ao ar dos melhores ares, Pois são simples, invulgares. Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares, Quintana, nos teus cantares... Perdão! digo quintanares.