A obra de Manuel Bandeira é repleta de citações e homenagens a amigos que o poeta admirava, seja por seus dons artísticos ou mesmo pelo temperamento.
Na obra do escritor são citadas várias personalidades que chamaram sua atenção: o grande amigo compositor e violonista Jaime Ovalle, por exemplo, era figura carimbada nas poesias e crônicas de Bandeira, o sambista Sinhô e o filho de José do Patrocínio; o também jornalista, Zeca Patrocínio foram outros que tiveram seus momentos de convivência e até seus respectivos velórios registrados pela pena de Bandeira. Também tiveram citações: o músico Catulo da Paixão Cearense e os poetas Augusto Frederico Schmidt e Carlos Drummond de Andrade, dentre tantos outros.
As referências aos amigos eram realizadas tanto em bem elaboradas crônicas, como em belos poemas, a exemplo de Quintanares, uma genial e sonora homenagem bem ao estilo do homenageado - Mário Quintana, saudado pelo poeta pernambucano na Academia Brasileira de Letras em comemoração aos sessenta anos de Quintana.
Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.
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