Dia Mundial da Água é comemorado esta segunda-feira, dia 21 de Março; o tema das comemorações este ano é "água limpa para um mundo saudável".
A água é fonte da vida e o elo que une os seres humanos no planeta. Ela está diretamente relacionada a todos os objetivos da ONU: melhoria da saúde materna e infantil, maior esperança de vida, capacitação da mulher, segurança alimentar, desenvolvimento sustentável e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
A afirmação está na mensagem do Secretário-Geral, Ban Ki-moon, pelo Dia Mundial da Água, celebrado nesta segunda-feira.
Mundo Saudável
O tema das comemorações este ano é 'água limpa para um mundo saudável', e ressalta que a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos estão em perigo. Ban lembra que a água insalubre causa mais mortes do que todas as formas de violência, incluindo a guerra.
A especialista independente das Nações Unidas sobre água e saneamento, Catarina de Albuquerque, disse à Rádio ONU, de Coimbra, em Portugal, que o acesso à água potável é uma questão de direitos humanos com graves implicações para a saúde, educação e segurança pessoal das crianças.
Falta de Higiene
"O tema das comemorações deste ano do Dia Mundial da Água é a qualidade. E a qualidade tem um efeito negativo sobre a população em geral mas esse efeito é mais exacerbado nas crianças porque elas são mais vulneráveis", afirmou.
Catarina de Albuquerque é uma das signatárias de um comunicado preparado por vários relatores das Nações Unidas para a área de direitos humanos sobre o Dia Mundial da Água.
Segundo dados da ONU, cerca de 1,5 milhão de crianças com menos de cinco anos morrem anualmente devido à falta de higiene e acesso à água potável.
Fonte: Site Rádio da ONU: http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/detail/177824.html
Gerente de Meio Ambiente da CAGECE - Companhia de Água e Esgoto do Ceará.
O Dia Mundial da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, celebrado todos os anos no dia 22 de março.
Este ano as Nações Unidas dedicam O Dia Mundial da Água à QUALIDADE DA ÁGUA. No Brasil a Agência Nacional de Águas (ANA) lançou como tema "Água Limpa para um Mundo Saudável", os eventos comemorativos acontecerão em todo o país.
A luta é quanto ao futuro da água, essencial à vida, e que deve ser preservada e estar disponível em qualidade e quantidade a todas as pessoas e à natureza.
Por todo o mundo, há movimentos de cidadania que reivindicam a água como um direito de todos os seres vivos e dos ecossistemas, com disponibilidade, fácil acesso e segurança hídrica.
A garantia da água para preservar a vida na Terra está cada vez mais difícil. Na realidade, a poluição hídrica reduz o volume de água disponível para o ser humano e para outras formas de vida.
A disponibilidade de água e a sua qualidade são determinantes para a estabilidade da sociedade. Não custa lembrar que a água contaminada é responsável por boa parte dos problemas de saúde e mortes precoces que ocorrem em países em desenvolvimento.
A Comissão sobre a Ética da Água Doce, criada pela UNESCO no final da década de 90, focalizou algumas questões éticas fundamentais e para encaminhá-las precisará ampliar a cooperação internacional, criar uma base de confiança, justiça e equidade para todas as nações a respeito da disponibilidade e do acesso aos recursos de água doce.
Na sua mensagem do Dia Mundial da Água de 2000, o então Diretor Geral da UNESCO, senhor Koichiro Matsuura, observou:
"o desafio que enfrentamos é o de por em movimento uma dinâmica que faça deste século o século da segurança hídrica mundial.
Há muito tempo se vem atribuindo à água pouca importância na agenda das políticas públicas; ela só aparece em termos de desastre, de escassez, poluição ou como uma fonte potencial de conflito.
Precisamos adotar uma abordagem construtiva com relação à água: ela é um recurso compartilhado essencial; deve ser tratada como a prioridade mais importante por todas as comunidades, desde às locais à mundial. Há uma verdade fundamental que gostaria de enfatizar.
O suprimento de água não cessa quando ela provém do poço da sabedoria humana".
O compromisso da CAGECE é distribuir água de boa qualidade para a população cearense, contribuindo para a melhoria da saúde e da qualidade de vida.
Antonio Mendes Maciel, Dito Santo Conselheiro, É de Quixeramobim, Varão de um clã guerreiro, Foi sábio e bom professor, Cristão pacato e ordeiro; Caso pessoal o levou A longínquos paradeiros.
[...] Conselheiro foi o nome Com que o povo batizou Aquele homem simplório (Na santa pia do amor Da fé e fraternidade Na alegria e na dor) Que pregava a crença em Deus; Lealdade ao Imperador. [...]
[...] Zumbido de bala e raio, As águas tudo calou. De Canudos nada resta. Só a história ficou. (Triste e negra como a peste Que esta guerra provocou). E o símbolo Conselheiro Que veio, foi e ficou.
No dia 13 de março de 2010, foi comemorado os 180 anos de nascimento de Antônio Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, cearense de Quixeramobim fundador da comunidade de Belo Monte em Canudos,na região do Raso da Catarina, Sertão da Bahia.
Passados cento e doze anos do massacre de Canudos, imortalizado no livro “Os Sertões” de Euclydes da Cunha, o nome de Antônio Conselheiro até hoje permanece como uma lenda no imaginário popular. Sua saga é contada em dezenas de livros e é tema recorrente dos autores de literatura de cordel.
Em comemoração ao nascimento do fundador de Canudos, foram realizados vários eventos, em Quixeramobim, cidade natal do beato, localizada no sertão central do Ceará e em Fortaleza, capital do Ceará. Ainda em homenagem à data, a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará inaugurou, no último dia 13, a exposição “Decálogo do Santo Guerreiro”, de Audifax Rios, que conta a trajetória do homem mítico e idealizador do Arraial de Canudos.
Em entrevista ao Jornal O Povo, O poeta e artista plástico, Audifax Rios afirma: “Antônio Conselheiro não era nem o desinformado - o burrão que a direita sempre pintou, nem o marxista revolucionário descrito pela esquerda". E continua o autor do Cordel apresentado no início deste post: “Antônio Conselheiro era um guerreiro obrigado, já que a guerra o procurou, e era considerado um santo por seus seguidores, que inclusive o chamavam assim”.
Construído, em 1893, o arraial de Canudos chegou a reunir 25 mil moradores, a maioria, sertanejos descontentes com a exploração nos latifundiários, que encontraram no beato um líder espiritual e carismático.
O sambista Candeia, um dos maiores compositores do Brasil, compôs seu primeiro samba enredo em 1935, ainda um adolescente de 16 anos. O samba, que deu o título para a Escola de Samba Portela, se chama "Seis Datas Magnas" e foi composto em parceria com outro grande sambista da escola de Oswaldo Cruz: Altair Prego.
O título se referia a seis data exaltadas no desfile:
1ª - Tiradentes (21 de abril) 2ª - Batalha do Tuiuti (24 de maio) 3ª - Batalha do Riachuelo (11 de julho) 4ª - Grito do Ipiranga (7 de setembro) 5ª - Proclamação da República (15 de Novembro) 6ª - Dia da Bandeira (19 de novembro)
Confira o primeiro samba enredo de Candeia.
Comento: no ano que o compositor de Oswaldo Cruz compôs o seu primeiro samba enredo, a Portela tirou nota máxima em todos os quesitos, fato inédito até aquele momento. O sambista mostrava ali, os seus dotes e sinais de onde chegaria.
Nascido em 17 de agosto de 1935, Antônio Candeia Filho, o Candeia, era filho de um tipógrafo atuante nas escolas de sambas que, nas horas vagas, gostava de tocar flauta em rodas de samba.
Neste ambiente de música, Candeia aprendeu violão e cavaquinho também começou a se familiarizar com a cultura afro-Brasileira. O sambista costumava dizer, brincando, que nunca teve festa de aniversário tradicional, com bolo e vela: a comemoração era na base do feijoada e roda de samba.
Em 1960, entrou para polícia. Passou por uma fase considerada, por muitos, como truculenta, fato que provocou o afastamento de vários colegas. Seu temperamento agressivo, provavelmente, foi a causa da sua tragédia pessoal: O compositor ficou paralítico ao receber cincos tiros em uma discussão de trânsito, um dos disparos acertou a vértebra.
Condenado à cadeira de roda pelo resto da vida, se recolheu em sua residência por anos, só voltando após insistentes tentativas de amigos e sambistas admiradores.
Insatisfeito com os rumos que estavam tomando as escolas de sambas, se afastou da sua querida Portela. Neste período, criou a Escola de Samba Quilombo e o Grêmio Recreativo de Arte Negra.
Em 1978, o sambista, em parceria com o jornalista e amigo Isnard Araujo, publicou o livro: “Escola de Samba, Árvore que Esqueceu a Raiz”, onde deixa claro sua insatisfação com as ‘inovações’ ocorridas na sua escola de samba.
Morreria jovem, em 16 de novembro de 1978, aos 43 anos, deixando vários sambas gravados por grandes cantores brasileiros dentre eles: "Mora na filosofia", um clássico do samba.
Samba-enredo de 1953 Compositores: Altair Prego e Candeia
Foi Tiradentes o Inconfidente E foi condenado à morte Trinta anos depois o Brasil tornou-se independente Era o ideal de formar um país livre e forte Independência ou morte D. Pedro proferiu Mais uma nação livre era o Brasil Foi em 1865 que a história nos traz Riachuelo e Tuiuti foram duas grandes vitórias reais Foram os marechais Deodoro e Floriano e outros vultos mais Que proclamaram a República e tantos anos após foram criados Hinos da Pátria amada Nossa bandeira foi aclamada Pelo mundo todo foi desfraldada
Nezinho do Jegue era um dos personagens mais queridos da novela “O Bem Amado”. A obra do dramaturgo Dias Gomes foi exibida na TV Globo em 1973 e posteriormente transformada em um seriado, exibido entre 1980 e 1984. A produção foi um estrondoso sucesso e entrou para história da televisão brasileira se destacando também por ser a primeira novela transmitida em cores no Brasil.
Nezinho do Jegue, interpretado pelo ator cearense Wilson Aguiar, falecido em 1981, era um daqueles personagens que encontramos facilmente nas pequenas cidades do interior. Nezinho, nas poucas vezes que estava sóbrio, era um entusiasmado defensor do prefeito de Sucupira, Odorico Paraguaçu - uma espécie de caricatura de milhares de políticos corruptos, tão comuns neste nosso sofrido Brasil - mas quando se embriagava, o que não era raro, Nezinho se tornava um ferrenho opositor do prefeito, bradando aos quatro cantos com sua voz anasalada: “Morra, Odorico, corrupto, safado, ladrão”.
Agência de publicidade cearense "Slogan Propaganda" teve a ideia de utilizar o famoso personagem e seu inseparável burro, em uma propaganda que se tornou famosa. Na peça, Nezinho faz loas aos princípios curativos um remédio popular. O argumento final era forte e apelativo “Só o burro não toma Castaniodo”. O bordão ficou popular e até hoje é utilizado.
Em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, um vídeo com uma breve história da luta das mulheres para conquistar seu espaço. O depoimento no final é de Elis Regina.
No último dia 4 de março de 2010 foi comemorado o centenário de nascimento de Tancredo Neves, o político que foi fundamental para a redemocratização do Brasil.
A foto, de 1985, foi enviada pelo meu amigo Ricardo Machado, então um jovem vereador da cidade de Quixeramobim - Ceará. O registro fotográfico aconteceu pouco tempo antes de um dos maiores acontecimentos da política brasileira:
Tancredo Neves, então um dos líderes da oposição, venceria Paulo Maluf no colégio eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, dando fim oficial a um longo período de regime militar.
Em 14 de março de 1985, véspera da posse, o político mineiro teve que se submeter a uma cirurgia de urgência, em Brasília, para extirpação de um tumor benigno no abdome. O quadro clínico do mineiro de São João Del Rei complicou-se, devido a uma infecção hospitalar, faleceu em 21 de abril de 1985, sem ser empossado, causando uma das maiores comoções da história do Brasil.
Na foto, além de Ricardo, cumprimentando o presidente, aparecem ainda mais três cearenses: Ernando Uchoa Lima, Etevaldo Nogueira e Paulo Lustosa.
Ricardo, hoje, é promotor de Justiça em Fortaleza.
Já postei neste blog (aqui) as rusgas decorrentes da separação de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, um dos duelos musicais mais famosos da Música Popular Brasileira. O tema foi acompanhado recentemente por milhões de brasileiros, na ótima minissérie “Dalva & Herivelto, Uma Canção de Amor” apresentada em janeiro de 2010, pela rede Globo.
Outro interessante combate musical, e não menos comentado nos meios musicais, envolveu dois gigantes da MPB: Noel Rosa e Wilson Batista. A querela musical dos dois teve início em 1933, com o samba “Lenço no pescoço”, de Wilson Batista e gravado por Sílvio Caldas, a letra dizia o seguinte:
Meu chapéu do lado Tamanco arrastando Lenço no pescoço Navalha no bolso Eu passo gingando Provoco e desafio Eu tenho orgulho Em ser tão vadio Sei que eles falam Deste meu proceder Eu vejo quem trabalha Andar no miserê Eu sou vadio Porque tive inclinação Eu me lembro, era criança Tirava samba-canção Comigo não Eu quero ver quem tem razão E eles tocam E você canta E eu não dou
Noel Rosa não gostou, achava que o samba fazia apologia a malandragem e, no mesmo ano, compôs “Rapaz Folgado", gravado algum tempo depois por Aracy de Almeida. A letra valorizava o trabalho e criticava a malandragem, uma explícita crítica ao samba de Wilson Batista.
Deixa de arrastar o teu tamanco Pois tamanco nunca foi sandália E tira do pescoço o lenço branco Compra sapato e gravata Joga fora esta navalha que te atrapalha Com chapéu do lado deste rata Da polícia quero que escapes Fazendo um samba-canção Já te dei papel e lápis Arranja um amor e um violão Malandro é palavra derrotista Que só serve pra tirar Todo o valor do sambista Proponho ao povo civilizado Não te chamar de malandro E sim de rapaz folgado
Logo em seguida, Wilson Batista retrucou com Mocinho da Vila.
Você que é mocinho da Vila Fala muito em violão, barracão e outros fricotes mais Se não quiser perder o nome Cuide do seu microfone e deixe Quem é malandro em paz Injusto é seu comentário Falar de malandro quem é otário Mas malandro não se faz Eu de lenço no pescoço desacato e também tenho o meu cartaz
Embora a versão seja contestada por alguns estudiosos da música, há quem afirme que o clássico “Feitiço da Vila”, uma parceria de Noel Rosa com o pianista Vadico, composta em 1934, foi inspirada na refrega. A música viria a se transformar em um dos maiores clássicos da MPB, confira a letra:
Quem nasce lá na Vila Nem sequer vacila Ao abraçar o samba Que faz dançar os galhos, Do arvoredo e faz a lua, Nascer mais cedo. Lá, em Vila Isabel, Quem é bacharel Não tem medo de bamba. São Paulo dá café, Minas dá leite, E a Vila Isabel dá samba. A vila tem um feitiço sem farofaS em vela e sem vintém Que nos faz bem Tendo nome de princesa Transformou o samba Num feitiço descente Que prende a gente O sol da Vila é triste Samba não assiste Porque a gente implora: “Sol, pelo amor de Deus,não vem agoraque as morenasvão logo embora Eu sei tudo o que faço Sei por onde passo Paixao nao me aniquila Mas, tenho que dizer, Modéstia à parte,meus senhores, Eu sou da Vila!
Feitiço da Vila seria utilizada por Wilson Batista como mote para reabrir o duelo. O compositor, em uma entrevista ao lendário cantor e compositor Almirante, “A mais alta patente do rádio”, lembra que o samba tinha outras estrofes que eram cantadas pelo poeta da vila, nos bares da cidade. Estes versos ficaram esquecidos nas gravações posteriores e diziam:
Quem nasce pra sambar Chora pra mamar Em ritmo de samba. Eu já saí de casa olhando a lua E até hoje estou na rua. A zona mais tranqüila É a nossa Vila O berço dos folgados; Não há um cadeado no portão Porque na Vila não há ladrão.
Foi o suficiente para Batista compor “Conversa Fiada”, uma ironia à exaltação de Noel Rosa:
É conversa fiada dizerem que o samba na Vila tem feitiço Eu fui ver para crer e não vi nada disso A Vila é tranqüila, porém eu vos digo: cuidado! Antes de irem dormir dêem duas voltas no cadeado Eu fui à Vila ver o arvoredo se mexer e conhecer o berço dos folgados A lua essa noite demorou tanto Assassinaram o sambaVeio daí o meu pranto
Noel, mais maduro, saiu-se com outro clássico: Palpite Infeliz.
Quem é você que não sabe o que diz? Meu Deus do Céu, que palpite infeliz! Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,Oswaldo Cruz e Matriz Que sempre souberam muito bem Que a Vila Não quer abafar ninguém, Só quer mostrar que faz samba também Fazer poema lá na Vila é um brinquedo Ao som do samba dança até o arvoredo Eu já chamei você pra verVocê não viu porque não quis Quem é você que não sabe o que diz? A Vila é uma cidade independente Que tira samba mas não quer tirar patente Pra que ligar a quem não sabe Aonde tem o seu nariz? Quem é você que não sabe o que diz?
Wilson Batista parecia está em desvantagem e apelou ao lançar “Frankstein da Vila", uma deselegante alusão ao defeito físico do jovem poeta de Vila Isabel. No programa de Almirante, Batista se defendeu afirmando que, na época, era incitado por amigos, eles afirmavam saber que Noel Rosa estava compondo uma nova provocação, complementou a justificativa dizendo que Noel era homem e não era nada demais chamar homem de feio. Veja a letra de “Frankstein da Vila".
Boa impressão nunca se tem Quando se encontra um certo alguém Que até parece um Frankenstein Mas como diz o rifão: por uma cara feia perde-se um bom coração Entre os feios és o primeiro da fila Todos reconhecem lá na VilaEssa indireta é contigo E depois não vá dizer Que eu não sei o que digo Sou teu amigo.
Mesmo sem receber resposta de Noel, Wilson insistiu com “Terra de Cego”:
Perde a mania de bamba Todos sabem qual é O teu diploma no samba. És o abafa da Vila, eu bem sei, Mas na terra de cego Quem tem um olho é rei. Pra não terminar a discussão Não deves apelar Para um barulho na mão. Em versos podes bem desabafar Pois não fica bonito Um bacharel brigar.
Após três anos de batalha musical, Noel ,em um encontro cordial com Wilson Batista, encerrou a polêmica colocando letra na música “Terra de Cego”, composta por seu agora ex-adversário. A nova versão de Terra de Cego foi batizada como “Deixa de ser convencida”, letra supostamente feita para Ceci, uma grande paixão de Noel.
Deixa de ser convencida Todos sabem qual é Teu velho modo de vida És uma perfeita artista, eu sei bem, Também fui do trapézio, Até salto mortal No arame eu já dei. E no picadeiro desta vida Serei o domador, Serás a fera abatida Conheço muito bem acrobacia Por isso não faço fé Em amor, em amor de parceria (Muita medalha eu ganhei!)
Para satisfação de todos, o que parecia ser uma longa batalha entre brilhantes compositores terminou, surpreendentemente, em clima amistoso... Venceu a música brasileira.
Wilson Batista á época, tinha apenas 20 anos, é perceptível que ainda não era um compositor totalmente amadurecido, ao contrário do rival, Noel Rosa, aos 23 anos, já um consagrado compositor, considerado por muitos, uma espécie de filósofo do samba.
Noel Rosa nasceu no Rio de Janeiro em 1910 e faleceu em 4 de maio de 1937, com apenas 27 anos incompletos e um currículo de centenas de obras primas.
Wilson Batista, um dos gigantes da música brasileira, nasceu na cidade de Campos, no Rio de Janeiro, em 3 de julho de 1913, faleceu em 7 de julho de 1968. É autor de grandes sucessos, como: "Pedreiro Valdemar", "Acertei no milhar", "Emília", dentre outras.
Apesar da morte de Johnny Alf, tenho pelo menos um consolo: tive o prazer de assistir um show do cantor, no saudoso Projeto Pixinguinha, em temporada no nordeste, no final dos anos 70.
A partir daquele momento, ainda jovem, percebi a importância do artista para a música brasileira. Não é exagero imaginar que, em qualquer relação de grandes representantes da música brasileira, Johnny Alf, certamente, deveria ser lembrado como um ícone.No entanto, mesmo sendo respeitado pela grande maioria dos críticos e amantes da música, paradoxalmente, seu nome nem sempre é colocado em primeiro plano, a exemplo das celebrações dos 50 anos da bossa, onde o compositor, considerado um dos precursores do movimento, foi praticamente ignorado.
O cantor era querido e reverenciado por seus pares, partiu de João Gilberto, por exemplo, a mais curta e mas lúcida definição da importância do compositor: "Johnny é tudo", outros artistas também deram declarações comoventes sobre as qualidades do cantor:
"Era fã dele desde antes de existir jovem guarda. Foi precursor de um gênero. Fiz minha homenagem em meu último disco e gostaria de tê-lo comigo no palco para o DVD, mas ele ficou doente bem no período. Uma vez, Roberto [Carlos] me ligou e eu estava justamente num ensaio com Johnny. Eles conversaram muito naquele dia, eram amigos de longa data. Fiquei feliz de ter refeito essa ponte entre os dois."
(Wanderléa, cantora)
"Johnny Alf não tem tamanho. Imagine que Tom Jobim o seguia em boates para vê-lo tocando piano, ficava enlouquecido com aquelas harmonias. Quando vai embora um compositor como ele, o que acontece às intérpretes que, como eu, não têm talento para compor? Morrem junto, um pouco."
(Claudette Soares, cantora)
"Ele foi um dos precursores da bossa nova, ao lado de Dick Farney e Lúcio Alves. Com 16, 17 anos, entrei muitas vezes escondido no bar do hotel Plaza [na zona sul do Rio] para vê-lo tocar. Quando a minha geração chegou, ele já tinha lançado as sementes: sambas-canções modernos, influências de jazz, letras coloquiais, superdiscretas, para se sussurrar no ouvido. Eram composições menos derramadas, exibidas, mais classe média, cool. Ele tocava por cifra. Achavam que era macumba, mas na verdade era uma maneira de escrever os acordes que vinha do jazz."
(Carlos Lyra, cantor, compositor e violonista)
"Minha primeira sensação é de pesar pela perda de um grande músico. Não posso deixar de enfatizar o nome e a personalidade que era Johnny Alf. O que a gente herda dele é incalculável. Envie meus pêsames a todos os que estão envolvidos [com o cantor] e meus sentimentos de perda e de tristeza."
(Oscar Castro-Neves, cantor e instrumentista)
"Para nós que pertencemos a um momento importante da música brasileira, sem dúvida nenhuma, perdemos um ícone, uma pilastra. A gente só lamente e vai chorar por muito tempo. Tom Jobim dizia que antes mesmo de lançar a Bossa Nova, tinha respeito por Johnny Alf. O caminho para a Bossa Nova foi aberto por ele. Perder Johnny Alf é perder uma referência maravilhosa e uma pilastra da cultura popular, uma cultura de altíssima qualidade, que ele sempre impôs."
(Pery Ribeiro, cantor e compositor)
O carioca, filho de um cabo do exército que morreu na revolução constitucionalista de 1932, teve uma origem simples, sua mãe era doméstica, com poucas condições financeiras. Foi criado na casa de uma família, onde a mãe trabalhava. A madrinha percebeu seu talento e financiou seus estudos de piano clássico dos 10 aos 14 anos. No Instituto Brasil Estados Unidos - IBEU, onde estudou, teve os primeiros contatos com o jazz, lá recebeu o apelido famoso, Johnny Alf – uma alusão a Alfredo, Alfredo José da Silva, seu nome de batismo. Sempre se mostrou simples, até para explicar origem da sua inspiração: apontava para o coração e dizia “Vem daqui de dentro”.
Um câncer de próstata nos privou da bela voz e piano do compositor de “Eu e a Brisa","Ilusão à Toa", "Rapaz de Bem", "Seu Chopin", "Desculpe" e tantas outras. O autor das obras, infelizmente, não chegou a ser um grande sucesso de público, não reclamava do suposto esquecimento dos fãs e até discordava da avaliação, declarou um ano antes de morrer: “Tenho um público muito grande. É interessante isso: você se afasta, mas o pessoal não esquece”, fato ou não, de acordo com a revista Fórum, terminou sua vida com poucos recursos.
Johnny Alf lutava contra a doença há 10 anos, faleceu na última quanta-feira, 4-03-2010, aos 80 anos, em Santo André na grande São Paulo, uma grande perda para a música. Resta agora se fazer justiça, ainda que tardia, ao nome de um artista de estilo refinado e cheio de bossa.
Parabéns, Rio de Janeiro: a mais bela das cidades completa hoje, 01 de março de 2010, 445 anos de fundação.
O hino do Rio de Janeiro - não poderia ser diferente - não fala de armas, guerras, nem de bravos soldados, exalta, sim, sua beleza natural, sambas e canções; e a alegria de morar em uma cidade maravilhosa.
O hino foi composto pelo compositor, cantor e instrumentista Antônio André de Sá Filho (André filho), em 1934. A música foi gravada como marcha de carnaval por Aurora Miranda, irmã da Pequena Notável Carmem Miranda e só veio a se transformar em hino oficial da cidade em 1960.
Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil! Berço do samba e das lindas canções, que vivem n’alma da gente. És o altar dos nossos corações que cantam alegremente! Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil! Jardim florido de amor e saudade, Terra que a todos seduz… Que Deus te cubra de felicidade… Ninho de sonho e de luz! Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil