sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Frase do dia. Alberto Nepomuceno.

"Não tem pátria um povo que não canta em sua língua"

(Alberto Nepomuceno)
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ary Barroso e o Futebol.

“Eu era uma das últimas pessoas a merecer esta doença tão aniquiladora, pelo meu temperamento. Mas foi muito bom. Essa doença fez-me encontrar. Hoje sou completamente diferente. Quando ficar bom e for falar com os meus amigos, muitos vão se espantar estarão falando com um outro Ary. Eu estava vivendo uma vida de artificialismo. Felizmente me encontrei. Quando ficar bom, quero ser um grande avô. Esporadicamente aparecerei na Noite.Imagine que o médico hoje disse não saber quando poderei me levantar. Não sinto nada, mas se levantar-me e for ver um Fla x Flu e voltar para a cama estou arriscado a morrer.”

(Ary Barroso)


A frase do compositor Ary Barroso - já em estado avançado da cirrose que iria matá-lo - bem demonstra a paixão do mineiro pelo futebol. Flamenguista roxo, Ary chegou a jogar no Botafogo Futebol Clube - não o Glorioso carioca , mas o homônimo da sua pequena Ubá, em Minas Gerais, lá pelos anos de 1921 a 1923. A miopia já era grande e nosso compositor enfrentava os petardos dos atacantes adversários com um par de óculos.Não se tem notícias das qualidades de atleta do nosso grande artista, mas em outra profissão ligada ao esporte mais popular dos brasileiros, sim. Ele se destacou como locutor esportivo. 

Tudo começou em 1936, quando o locutor Alfonso Scola teve que se internar às pressas devido a uma úlcera. Coube a Ary substituí-lo. Começava ali um estilo inovador de narração de jogo de futebol, com direito a comentários e opiniões. Inovou também o mineiro, ao incluir um toque de gaitinha de boca logo após a ocorrência de um gol. A paixão pelo Flamengo não era escondida e ficava clara no toque do instrumento. Enquanto para os demais times o gol era anunciado com dois ou três toques, para o Flamengo o gol era comemorando descaradamente com um longo e vibrante apito na gaita, motivo de ira para muitos torcedores dos times adversários. O sucesso foi tanto que o falecido músico Altamiro Carrilho se inspirou na gaitinha do Ary para fazer o fraseado de uma das gravações do choro “ Um a zero”.

Embora fosse um apaixonado por futebol, Ary pouco compôs sobre o assunto. Um dos raros exemplos foi “Chiribiribi qua quá”, uma parceria com Nássara que foi um grande sucesso no carnaval de 1937. Na letra, versos que utilizavam argumentos do futebol para relatar um frustrado caso de amor.A marchinha não era das melhores, comparada à qualidade do acervo deixado pelo Ubaense. Ao que parece, o compositor também concordava com minha avaliação: anos depois de compor “Chi-ri-bi-ri-bi, qua-qua”, ele declarou:

“Preferência... Tudo, menos irradiar futebol.
Chateia... a música Chi-ri-bi-ri-bi, qua-qua, de minha autoria.”

Ouça a composição interpretada pelo Bando da Lua. Agradeço ao grande pesquisador Nirez o envio do áudio.

Fonte:
Xavier,Beto, Futebol no País da Música,Editora Panda Books,2009.


Letra:
Chiribiribi quá quá
Ary Barroso / Antônio Nássara - 1936

Chiribiribi quá quá
Chiribiribi quá quá
Nosso amor, há de ser campeão
Chiribiribi quá quá
Chiribiribi quá quá
O juiz o juiz é o coração

Eu procurei fazer um gol no teu amor
Fiquei nervoso e perdi a direção
O juiz apitou sem ter razão
O juiz, o juiz é um ladrão

Pra que juiz marcar o jogo entre nós dois
Si vale "foul", vale "offside" e bofetão
É melhor o juiz lamber sabão
Oh! O juiz, o juiz é um ladrão

Ficha técnica da faixa
[ Marcha carnavalesca - Victor 34.115B - Intérprete Bando da Lua - gravada em novembro de 1936 e lançada em dezembro de 1936] Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...