Em “Silêncio de um minuto”, composta em 1935, Noel Rosa, poeta do morro e da
cidade, mostra uma das suas muitas vertentes na música: o lirismo. Na obra, o Poeta
da Vila associa um amor desfeito ao luto e não economiza metáforas para
“sepultar” uma história de amor até então cheio de glórias.
A música foi gravada em 1940, por Marília Batista e contou com arranjo de
Pixiguinha, em uma gravação pela Victor.
Marília teria recebido da mãe de
Noel, quando ele faleceu, em 1937, um caderno com anotações, entre outros
materiais. Ali estava, por exemplo, a letra de "Balão Apagado", que
ela musicou nos anos 60. Talvez no caderno também estivesse esta versão resumida, de "Silêncio de um
minuto". Explico: na verdade, não se sabe por qual motivo a cantora suprimiu algumas
estrofes da música, perdendo imagens marcantes da obra, como "a pá do
fingimento" e "a cal do esquecimento". A letra completa foi
gravada por Aracy de Almeida em 1951 com arranjo de Radamés Gnattali.
Ouça “Silêncio de um minuto” nas vozes de três renomadas cantoras de três
gerações distintas. Aracy de Almeida, Maria Bethânia, Roberta Sá. Escolha a
melhor versão.
Aracy de Almeida
Maria Bethânia
Roberta Sá
Letra
Não te vejo nem te escuto,
O meu samba está de luto.
Eu peço o silêncio de um minuto,
Homenagem à história
De um amor cheio de glória
Que me pesa na memória.
O meu samba está de luto.
Eu peço o silêncio de um minuto,
Homenagem à história
De um amor cheio de glória
Que me pesa na memória.
Nosso amor cheio de glória,
De prazer e de ilusão
Foi vencido e a vitória
Cabe à tua ingratidão.
Tu cavaste a minha dor
Com a pá do fingimento
E cobriste o nosso amor
Com a cal do esquecimento.
Teu silêncio absoluto
Me obrigou a confessar
Que o meu samba está de luto,
Meu violão a soluçar
Luto preto é vaidade
Neste funeral de amor.
O meu luto é a saudade
E saudade não tem cor.
De prazer e de ilusão
Foi vencido e a vitória
Cabe à tua ingratidão.
Tu cavaste a minha dor
Com a pá do fingimento
E cobriste o nosso amor
Com a cal do esquecimento.
Teu silêncio absoluto
Me obrigou a confessar
Que o meu samba está de luto,
Meu violão a soluçar
Luto preto é vaidade
Neste funeral de amor.
O meu luto é a saudade
E saudade não tem cor.
Fonte:
Bessa, Virginía de Almeida. A escuta Singular de Pixinguinha
– História e música popular no Brasil de 1920 e 1930. São Paulo. Editora
Alameda Casa Editorial ,2010.
http://www.brasileirinho.mus.br/arquivomistura/noelrosa.html
Muito interessante deixar em aberto qual a melhor versão,pois sabemos que a versão definitiva está a serviço de quem ouve,tem caráter inteiramente subjetivo.
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