domingo, 9 de outubro de 2011

O que é saudade para Antonio Pereira e para Chico. Buarque

Saudade, decididamente, é palavra difícil de conceituar. Há quem diga que saudade se sente, não se conceitua. Não é o que pensava o poeta popular Antônio Pereira de Moraes, um modesto agricultor que, apesar da sua pouca instrução formal, definiu, de forma brilhante, seu conceito de saudade:

Saudade é um parafuso 
Que na rosca quando cai, 
Só entra se for torcendo, 
Porque batendo num vai 
E enferrujando dentro 
Nem distorcendo num sai. 

Se quiser plantar saudade 
Escalde bem a semente,
Plante num lugar bem seco 
Onde o sol seja bem quente 
Pois se plantar no molhado 
Quando crescer mata gente"


De forma mais elaborada, Chico Buarque também definiu, com rara felicidade, o que é saudade. Os versos de “Pedaço de mim”, por si, já é um verdadeiro tratado do que é saudade. O parafuso que enferruja e não sai, para Chico, “É arrumar o quarto de um filho que já morreu” ou “uma fisgada em um membro já perdido”.

Brilhante, não? Coisas que só a sensibilidade dos poetas, iletrados ou não, consegue traduzir. Confesso que não consegui escolher qual dos dois poetas melhor definiu a palavra. Fico com ambos.

Ouça pedaço de mim na voz de Zizi Possi. O poema completo de Antônio Pereira de Moraes, o poeta da saudade, pode ser saboreado aqui. 





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