domingo, 13 de setembro de 2009

Azulão - Manuel Bandeira Jayme Ovalle - Belos Poemas Que Viraram Músicas.

Da série, Belos Poemas Que Viraram Músicas, destaco hoje, Azulão, um curto e singelo poema de Manuel Bandeira, musicado três vezes - fato comum na obra do escritor. A versão mais famosa é a do pianista Jayme Ovalle (Jayme Rojas de Aragón y Ovalle), as demais foram compostas por Radamés Gnattali e Camargo Guarnieri.

Comento: Ovalle era amigo íntimo de Manuel Bandeira e musicou, além da obra em questão, outros poemas do poeta, como: Modinha e Berimbau. Dono de um temperamento boêmio e grande capacidade criativa, o pianista também desfrutava da amizade de figuras proeminentes da cultura brasileira como: Gilberto Freyre, Fernando Sabino,Vilas-Lobos, Sérgio Buarque de Holanda, Di Cavalcantie e Carlos Drumond de Andrade.

Manuel bandeira, por sua vez, gostava muito de música, tanto erudita quanto popular, tocava um violão sem muitas pretensões e segundo o livro "Vida Musical", de Vasco Mariz, é um dos poetas mais preferidos dos músicos do Brasil, com pelo menos 48 poemas musicados 72 vezes, estes dados são de 1997, portanto, o número deve ser bem maior.

A reconhecida atração dos compositores pela obra de Manuel Bandeira chamou atenção até da academia: José Francisco da Gama e Silva Júnior em sua tese de doutorado “O processo da criação e da composição poética” a respeito da musicalidade dos versos de Manuel Bandeira, cita o seguinte comentário de Andrade Muricy:

“Os músicos sentem que poderão inserir a sua musicalidade – de música propriamente dita – naquela musicalidade subentendida por vezes inexpressa ou simplesmente indicada. Percebem que a sua colaboração não irá constituir uma superestrutura, mas que se fundirá com a obra poética intimamente: o poema e o seu análogo tonal se encaixam em perpétua aliança, como em Azulão”

O gosto do poeta Manuel Bandeira por música o levou a ter parceiros de peso, dentre eles: Villa-lobos e Radamés Gnattali. Algumas vezes, Bandeira fez letra especialmente para músicas, é o caso de "Portugal, meu Avozinho” feita para um Samba de Ari barroso. Vasco Mariz afirma, ainda, em seu livro, que os versos de Azulão foram feitos posteriormente à música de Jayme Ovalle.

Jayme Ovalle faleceu em 1955, em sua homenagem, Bandeira escreveu o poema "Ovalle", não só uma despedida, mas uma comovente afirmação de amizade.

Ovalle

Estavas bem mudado
Como se tivesses posto aquelas barbas brancas
Para entrar com maior decôro a Eternidade.
Nada de nós te interesava agora
Calavas sereno e grave
Como no fundo foste sempre
Sob as fantasias verbais enormes
Que faziam teus amigos rir e
Punham bondade no coração dos maus.

O padre orava:
- “O côro dos anjos te receba…”
Pensei comigo:
Cantando Estrela brilhante
Lá do alto mar!…

Levamos-te cansado ao teu último endereço
Vi com prazer
Que um dia afinal seremos vizinhos
Conversaremos longamente
De sepultura a sepultura
No silêncio das madrugadas
Quando o orvalho pingar sem ruído
E o luar for uma coisa só.

Em 1980, o escritor Otto Lara Resende escreveu:"Quem um dia vai refazer os passos de Jayme Ovalle e identificar as numerosas marcas e impressões digitais que deixou neste mundo, no Rio, em Nova York, em Londres?" O escritor Humberto Werneck , parece ter aceitado o desafio de Lara Resende e, em 2008, lançou o livro "O Santo Sujo - A vida de Jayme Ovalle," edição da Cosac Naify, uma respeitável obra sobre a vida do compositor Jayme Ovalle.





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Um comentário:

  1. ela num canta ela grita
    kkkkkkkk
    putz !
    a criatura é uma droga é igual a xuxa só é cantora pq é bonita !
    elas deviam si esforçar pra ser igual a esses cantores ai:de ivete sangalo,restart,luan santana,nx zero,fresno,strike,hevo 84 i cine
    coisas assim
    aff'

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