Há alguns dias, ouvi uma propaganda, em uma rádio local, que me chamou a atenção: tratava-se de uma campanha institucional contra o consumo de cigarros contrabandeados. A campanha alertava para os males que a compra de fumo pirata causava para a economia do país e os riscos para a saúde.
O que me causou estranheza não foi a obvia menção aos riscos causados pelo cigarro, mas sim o autor da peça publicitária: uma famosa corporação que domina o mercado de cigarro no Brasil.
Travestida de paladino da saúde, a empresa bradava contra a pirataria e alertava sobre os riscos à saúde que o consumo de cigarros ilegais proporcionava. Esqueceu, comodamente, de falar que o cigarro legalizado também causa estragos.
Na verdade, fica claro, a preocupação está nas perdas financeiras que a pirataria proporciona à atividade fumageira. Anualmente, fortunas deixam de ser arrecadadas pelos fabricantes. A arrecadação de impostos também é seriamente atingida com o comércio ilegal.
O interessante, nisto tudo, e não custa lembrar, é que propagandas de cigarro são proibidas no Brasil e, ao que parece, a empresa encontrou uma brecha para divulgar seus produtos mesmo que de forma velada, na forma de campanha institucional.
O fato me remeteu aos anos setenta e oitenta, período da minha juventude, onde tive os primeiros contatos com o cigarro. Abro um parêntesis para confessar que fumei durante trinta anos. Estou livre do vício idiota há pelo menos seis anos, mas confesso: ainda tenho certa vontade de fumar, portanto, sei, na pele, o mau e a dependência que o tabaco me provocou.
Na minha época de juventude, as indústrias de fumo faziam propagandas de cigarro de forma absurda. É certo, todos sabíamos o mal que fazia o fumo, mas convenhamos: os comerciais colaboravam muito na cooptação de jovens para o terrível hábito de fumar.
Lembro-me bem. As propagandas do cigarro da marca Hollywood, por exemplo, eram absurdamente contraditórias e subliminares. A mensagem que se procurava transmitir era, paradoxalmente, a da vitalidade e jovialidade, por meio da associação da imagem de belos atores e atrizes - todos com aparências extremamente saudáveis - com a prática de esportes radicais. Um detalhe: como uma espécie de elo entre eles, quem? Sempre a presença do “fiel companheiro” de aventuras radicais: o tabaco.
O fundo musical das propagandas do cigarro também era um componente importante na armadilha preparada para os futuros dependentes. Eram músicas joviais, alegres, modernas e identificadas com o momento. Esta alusão, embora absurda no mundo real, ajudavam a garantir, por meio da mensagem subliminar, a associação desta imagem de juventude e vigor física ao reconhecidamente pernicioso cigarro.
E aí, garotos de 14, 15 anos viravam presas fáceis e clientes por anos - no meu caso, 30.
Ps: Apresento o vídeo abaixo apenas como forma de constatação do argumento aqui traçado, portanto, diga não à propaganda de cigarro. Mesmo que seja feita de forma velada.
Eu fumei por muitos anos, muitos maços de cigarros por dia. Faz dez anos ou mais que deixei esse hábito nefasto, com a ajuda da Actio Laser - para mim, a verdadeira mão de Deus. O site deles é www.actionlaser.com.br e têm representantes em vários estados, como verão na referida página. É um método canadense, criado por uma médica, e é claro que não tem propaganda... a máfia não deixa!
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