domingo, 10 de julho de 2011

Um conselho de Billy Blanco. Acabe essa banca, doutor.

Ultimamente, um deputado extremista vem propagando seus preconceitos de forma absurdamente explicita. As declarações do político estão disseminadas com amplo destaque na imprensa. E o pior: com o apoio de parte da população. 

As declarações abusivas do fundamentalista me remeteram a obra de um grande compositor brasileiro. Nunca é demais relembrar Billy Blanco. William Blanco Abrunhosa Trindade, um paraense que cantou o Rio de Janeiro, é autor de sucessos como: “Teresa da Praia”,"Pistom de Gafieira",  “Estatuto da Gafieira”, ” Mocinho do Rio” e “Sinfonia do Rio”, este último, uma suite composta de dez sambas feita em parceria com Tom Jobim, tranformou-se em um verdadeiro hino à Cidade Maravilhosa. São centenas de composições - a quantidade nem ele mesmo sabia ao certo. Perguntado quantas músicas tinha feito, respondeu: "eu tenho umas quatrocentas e tantas, quase quinhentas".

Mas e porque o preâmbulo deste texto? Explico: Billy Blanco é autor de um verdadeiro manifesto contra o preconceito, o orgulho, a soberba e a vaidade. Trata de “Banca do Distinto”, uma bem humorada crítica àqueles que se acham superiores por sua condição econômica, cor ou mesmo origem social. No final da canção o grande compositor alerta. A morte, inexorável, se encarrega de deixar o preconceituoso, querendo ou não, igual a todos. 

O compositor paraense faleceu na última sexta-feira, oito de julho de 2011, aos 87 anos. Uma longa e produtiva vida. Sua partida, com certeza, deixa uma imensa lacuna na Música Popular Brasileira. Sua obra, entretanto, pela qualidade, ficará eterna.

“Banca do Distinto” foi composta em 1951, mas, pelo visto, a mensagem ainda é muito atual. Como tantas outras músicas de Billy Blanco, logo se tornou um clássico e foi gravado por muita gente: Elis Regina, Maria Medalha, Wanderléa,  Dóris Monteiro, Dolores Duran e Leila Pinheiro. Ouça a composição na voz do autor e de algumas das cantoras citadas. Escolha a sua versão. Difícil mesmo, será saber qual a melhor. 

E  lembre-se: “a vaidade é assim, põe o bobo no alto, e retira a escada...”, portanto, acabe essa banca, doutor!

Wandeléa
Maria Medalha
Dóris Monteiro
Elis Regina

A Banca do Distinto
Billy Blanco
Composição: Billy Blanco
Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
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2 comentários:

  1. Beleza de postagem, com riqueza de detalhes e de muito bem fundada atualidade. Parabéns Dr. Zen

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  2. A gravação da Elis é de um disco póstumo,não sei se a própria aprovaria.

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