Curiosidades da Música Popular Brasileira.
A primeira escola de Samba do Brasil, na verdade um bloco, foi a “Deixa Falar”, criada em 1928, por um grupo de notáveis sambistas do bairro do Estácio, dentre eles se destacava "O Grande Ismael Silva".
A primeira escola de Samba do Brasil, na verdade um bloco, foi a “Deixa Falar”, criada em 1928, por um grupo de notáveis sambistas do bairro do Estácio, dentre eles se destacava "O Grande Ismael Silva".
A criação do termo “Escola de Samba” sempre foi reivindicada por Ismael Silva. Alguns pesquisadores contestam a afirmação explícita de Ismael, mas o certo é que o sambista teve participação fundamental na fundação da primeira escola, em conjunto com outros brilhantes sambistas do bairro do Estácio de Sá, dentre eles se destacam: Alcebíades Maia Barcelos, conhecido como Bide, compositor do clássico “Agora é Cinza” e responsável por levar o Surdo e o Tamborim para a escola; Aurélio Gomes, a quem é atribuída a autoria de “Arrasta a Sandália”, em parceria com Baiaco; Nilton Bastos, Mano Rubens, Armando Marçal, maior parceiro de Bide e pai de Mestre Marçal; Brancura; Bucy Moreira, Mano Edgar, dentre outros.
Comento: A justificativa para o termo escola de samba originou-se da existência de uma Escola Normal no bairro e divergências com setores mais adeptos do samba tradicional da época.
Ismael conta que o grupo havia mudado e modernizado o ritmo do samba e a forma de desfilar e, nas discussões com outras comunidades do samba, o grupo de Bambas da Estácio, como ficou conhecida esta turma de mestres do samba, aproveitava a existência da escola Normal para fazer um paralelo e debochando diziam: "Deixa falar... a escola do samba é aqui, porque daqui saí os professores do samba. Coisas deste tipo", confessava, entre risos, Ismael Silva.
O fato é que os Bambas do Estácio foram os responsáveis pela grande reformulação do samba e Ismael era um dos seus líderes. Saía o samba amaxixado, entrava um novo ritmo, mais vigoroso e animado.
Sobre aquela época, o historiador Jairo Severiano lembra um depoimento de Ismael a Sérgio Cabral, publicado no livro “As escolas de Samba do Rio de Janeiro”: “O samba era assim: Tan tantan Tan Tantan. Não dava [...] Aí, a gente começou a fazer um samba assim: bum bum paticubum prugurundum...”
Sobre aquela época, o historiador Jairo Severiano lembra um depoimento de Ismael a Sérgio Cabral, publicado no livro “As escolas de Samba do Rio de Janeiro”: “O samba era assim: Tan tantan Tan Tantan. Não dava [...] Aí, a gente começou a fazer um samba assim: bum bum paticubum prugurundum...”
O sambista confessou ainda que, embora fundador da “Deixa Falar”, seus sambas não eram cantados na escola. O motivo: ele já era profissional e a escola não cantava sambas gravados. Há quem diga que a verdadeira causa era uma espécie de sociedade que o sambista havia feito com Francisco Alves, onde o cantor das multidões se comprometia a pagar certa quantia e gravar as músicas do sambista e, em contrapartida, o compositor de “Antonico” cederia a parceria e daria exclusividade das músicas para Chico Viola.
O compositor de “Nem é bom falar”, havia aceitado o acordo comercial, mediante a condição de Incluir também na parceria, seu velho amigo, o sambista Nilton Bastos, grande companheiro das rodas de samba do bar Apolo, bar do Compadre e outros botecos do Estácio, onde os sambistas se reuniam.
Há quem diga que Nilton Bastos é o único compositor do sucesso “Se você jurar”, embora conste oficialmente a parceria com Ismael Silva. Os dois haviam feito um acordo de dividirem autoria em todas as músicas, mesmo que os sambas fosse compostos individualmente. Algo parecido com o que fizeram Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Nilton morreria pouco tempo depois, em setembro de 1931.
A parceria comercial Ismael-Chico Alves durou sete anos e rendeu em torno de sessenta músicas gravadas. A sociedade foi encerrada devido à insatisfação de Ismael em ter seus sambas como exclusividade de Chico Alves e, possivelmente, divergências financeiras.
Ismael morreu pobre, aos 72 anos, em 14 de março de 1978. Uma vida longa, comparada aos seus colegas da Estácio: a exceção de Bide, os componentes do principal núcleo dos Bambas do Estácio, responsáveis pela reformulação do samba, morreram jovens: Nilton Bastos aos 32 anos, vítima de tuberculose, Mano Edgar aos 31 anos, assassinado em uma mesa de jogo, Brancura, enlouqueceu e faleceu aos 27 anos.
A escola Deixa Falar não durou muito. De acordo com o historiador Jairo Severiano, em seu Livro “Uma história da música popular brasileira – Das origens à modernidade”, Editora 34, a última notícia que se tem da escola foi publicada no jornal Diário Carioca, edição de 29 de março de 1933:
“De ordem do Sr. Presidente da Junta Governativa, participo a todos os componentes dos extintos Deixa Falar e União das Cores que, devido à fusão de ambos, nasceu o bloco carnavalesco União da Estácio de Sá”.
A nota era assinada por Júlio Santos, secretário do novo bloco, tocador de cavaquinho e primeiro mestre-sala da extinta “Deixa Falar".
“De ordem do Sr. Presidente da Junta Governativa, participo a todos os componentes dos extintos Deixa Falar e União das Cores que, devido à fusão de ambos, nasceu o bloco carnavalesco União da Estácio de Sá”.
A nota era assinada por Júlio Santos, secretário do novo bloco, tocador de cavaquinho e primeiro mestre-sala da extinta “Deixa Falar".
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