domingo, 26 de setembro de 2010

Lula e a Imprensa.

A popularidade de Lula continua a impressionar. Futuramente, tenho certeza, este fenômeno político será objeto de estudo à parte.

Nunca na história deste país se viu uma campanha tão politizada na mídia. Revistas e jornais, a chamada grande mídia, dominada por um pequeno grupo de famílias, mesmo arriscando sua credibilidade e a de, outrora, jornalistas bem reputados, dispararam uma das mais virulentas coberturas jornalística contra um presidente, em uma pauta eivada de proselitismo político e com alvo óbvio: a eleição presidencial.

O que impressiona é a resistência de Lula. Até o momento, o presidente mais popular da história do país segue firme, incólume, sem abalo no seu impressionante índice de aprovação. Apenas 4% da população desaprovam a sua gestão. Não sei se outro político resistiria a uma agenda tão negativa da mídia.  Há quem diga: “É a economia, Estúpido!”, para justificar tanta popularidade. Outros preferem, numa explicação metafísica, atribuir tanta popularidade ao carisma  pessoal do presidente. O fato é que Lula parece ser  PHD em política, o que leva seus desafetos ao desespero.

Pelos indicadores, até o momento, a campanha da grande mídia não vem surtindo efeito. Mas, como bem diz o impagável Luis Fernando Veríssimo, ainda teremos alguns dias de manchetes de jornais e mais duas capas da Veja. A frase irônica de Veríssimo, bem situa o momento que passamos. 

Outro fato a se destacar é a falta de transparência nos editoriais dos órgãos da imprensa.  Poucos veículos admitem sua posição ideológica e qual candidato apóia. A Carta Capital, única revista a fazer o contraponto em favor de Lula - além de alguns blogueiros de peso como: Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim e Carlos Azenha - declarou, em editorial, o apoio à candidata da situação, Dilma Rousseff. A concorrente mais poderosa,  a revista Veja, ainda não mostrou sua cara oficialmente, embora todos saibam qual é, e não me pergunte o porquê. O mesmo se espera da Folha de São Paulo, com pauta claramente oposicionista, mas ainda reticente em oficializar sua posição. Ponto para o Estadão. Mesmo tardiamente, hoje, em editorial ressentido, declarou seu apoio à candidatura José Serra, acabando com a hipocrisia da chamada pauta “imparcial”.

Nesta luta insana, perdem todos, principalmente, a credibilidade da imprensa, que, se não foi atingida mortalmente, sairá gravemente ferida.

Ainda há tempo. É hora de recuperar os destroços, e retornar para o leito do jornalismo descontaminado dos interesses políticos e econômicos, do jornalismo plural, onde a opinião não é confundida com notícia, do jornalismo sem maniqueísmo, sem manipulação. Caso isso não acorra, correremos o risco da validação, no sentido pejorativo, de uma frase antiga, do jornalista americano A. J. Liebling: "A liberdade de imprensa só pertence aos donos da imprensa".
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