segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Frase do Dia. Manuel Bandeira.

"[...] Não adianta apreender o futuro. Vivemos anos apreendendo um perigo imaginário que não acontece; somos surpreendidos por uma desgraça em que jamais havíamos pensado. A sabedoria está em pôr o coração à larga e entregar a alma a Deus [...]"

(Manuel Bandeira)

Extraído da crônica "Momentos inesquecíveis", publicado no "O globlo", em 1957.No texto, o poeta fala da juventude, quando tinha tuberculose,  e do terror que tinha em morrer sem a mão do seu pai, em um local distante. O poeta, após entender a lição acima, perdeu o medo e viajou para a Suiça. Complementa. "[...] Não morri lá. Não morrerei com a mão do meu pai. Ele é que morreu com a sua mão na minha. Eis o momento mais inesquecível."

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Oh, Saudade da Paraíba. Terra do verdadeiro forró "Pé de Serra".


Recebi a dica do meu amigo Carlos Anselmo. As meninas do Clã Brasil dão um show ao interpretar “Sebastiana”, do grande Rosil Cavalcanti. Lembraram meus bons tempos de estudante, em Campina Grande. Lá, no  final dos anos setenta, dancei muito forró com cheiro de lenha queimada, no frio gostoso da Serra da Borborema. São João simples, descalço, animado, mas  sem os exageros e luxo de hoje. Forró agarradinho... até o dia raiar. Oh, saudade!

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domingo, 28 de agosto de 2011

Frase do dia. Oscar Wilde.

"A Sinceridade é perigosa quando relativa, e catastrófica quando absoluta"

(Oscar Wilde)

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Como foi criado o choro "Lamentos", de Pixinguinha.


Na década de 1920, o pioneiro grupo de choro “Oito Batutas”, acabara de retornar de uma temporada na França, convidado pelo bailarino Duque. O grupo era formado por grandes nomes da música, dentre eles, Donga e o lendário Pixinguinha, que naquele tempo tinha a flauta como seu principal instrumento. O sucesso na França levou o jornalista Assis Chateaubriand a convidar o grupo para uma homenagem em um hotel do Rio de Janeiro. O evento daria o mote para a criação de um grande choro da MPB.

Pixinguinha teria sido barrado na entrada do hotel. O porteiro informou que lamentava, mas a ordem era que negros deveriam entrar pelos fundos. Pixinguinha, resignado, desculpou o funcionários: ”Lamento, mas sei que o senhor está cumprindo ordens” e atendeu as orientações do também constrangido porteiro.Entraram pela cozinha ouvindo os comentários revoltados de Donga, este bem mais contestador: “que absurdo, que vexame, que vergonha nós passamos” e Pixinguinha: “Eu lamento, mas não vamos comentar mais esse assunto”. Antes de receberem a homenagem, alguém se referiu ao fato e também lamentou o episódio. Pixinguinha, sempre resignado, novamente retrucou: “Eu lamento, todos lamentam, mas vamos evitar comentários”. Donga percebeu a repetição da palavra durante a noite e sugeriu: “Pixinguinha você disse a palavra “lamento” três vezes, por que não escreve um choro com esse nome?”.

Quem contou essa versão da gênese do choro foi outro famoso flautista brasileiro, Altamiro Carrilho, em depoimento registrado no livro “Os sorrisos do Choro”, escrito por Julie Koidin, curiosamente, uma americana também flautista e apaixonada pelo choro.Julie lembrou a Altamiro que a letra do choro tinha sido feita muitos anos depois. Altamiro confirmou, e atribuiu a letra a Hermínio Bello de Carvalho. Na verdade, a memória traiu nosso grande flautista, a letra de "Lamentos" é de Vinicius de Moraes, que escreveu o poema apenas para a primeira parte da melodia, em 1962, e não fez referências alguma ao episódio do hotel. Na verdade, a letra não tem nada a ver com a versão apresentada pelo flautista. Altamiro afirma ter ouvido a história do próprio Pixinguinha, de quem era grande amigo. O certo é que o choro tem uma linha melódica triste, até mesmo melancólica, portanto, se alinha à suposta inspiração contada por Altamiro. 

Comento: O choro “Lamentos” foi alvo de outra polêmica quando lançado em 1928. O crítico musical Cruz Cordeiro, em artigo para a sua revista Phono-Art, considerado a primeira revista especializada em música do Brasil, em novembro de 1928, teria acusado Pixinguinha e Donga de ter americanizado o famoso choro. O crítico, para muitos, um pioneiro na atividade de crítica musical,após comentar três discos gravados pela Orquestra Pixinguinha-Donga, escreveu:

O quarto disco contém dois choros: um de Pixinguinha, “Lamentos”, outro de Donga, “Amigo do povo”, sobre os quais não podemos deixar de notar que em suas músicas não se encontra um caráter perfeitamente típico. A influência das melodias e mesmo do ritmo das músicas norte-americanas é, nesses dois choros, bem evidente. Este fato nos causou sérias surpresas porquanto sabemos que os compositores são dois dos melhores autores da música típica nacional. É por esse motivo que julgamos esse disco o pior dos quatro que a Orquestra Pixinguinha-Donga ofereceu nesta quinzena”.

Dois anos depois, Cordeiro acrescentaria suas considerações ao famoso choro “Carinhoso”:

O disco 12.877 da Parlophon apresenta a Orquestra Pixinguinha-Donga. De um lado o maxixe de Peri, “Não diga não”. Excelente música, muito típica, sentimental, bem ritmada e dançada. No complemento, vamos encontrar um choro de Pixinguinha, “Carinhoso”. Parece que o nosso popular compositor anda muito influenciado pelo ritmo e pela melodia da música de jazz. É o que temos notado desde algum tempo, mais de uma vez. Nesse seu choro, cuja introdução é um verdadeiro fox-trot, apresenta em seu decorrer combinações da música popular yankee. Não nos agradou”. 

As declarações do falecido crítico musical até hoje geram protestos de musicólogos com Tariq de Sousa, Jairo Severiano, dentre outros. Por outro lado, o filho de Cruz Cordeiro publicou um artigo em que tenta justificar o contexto em que foi escrito os polêmicos artigos. O texto A PHONO-ARTE, “LAMENTOS” E “CARINHOSO” DE PIXINGUINHA - Artigo do Filho em defesa do Pai pode ser lido na íntegra em http://www.revistaphonoarte.com/pagina13.htm.

Fontes:

Sítio: http://www.revistaphonoarte.com.

Koindin, Julie, Os Sorrisos do Choro –Uma Jornada Musical através de caminhos Cruzados, Editora Global Choro Music, 1° edição,2011.

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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Frase do Dia. Abbé Raynal.

"Há uma infinidade de erros políticos que, uma vez cometidos, tornam-se princípios"

(Guilherme Thomas François Raynal)  Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Jackson do Pandeiro... E do violão.

Mais um vídeo do grande Jackson do Pandeiro. Desta vez o cantor aparece tocando violão, fato não muito comum nas suas apresentações. Nascido José Gomes Filho, o paraibano conta a origem do seu nome artístico: os velhos filmes de faroeste do cinema mudo.

O programa apresenta uma impropriedade ao atribuir a autoria da  música “Aquilo Bom” ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Na verdade, a obra é do próprio Jackson, em parceria com José Batista, gravada no disco "Ritmo, Melodia e a Personalidade de Jackson do Pandeiro" (foto), em 1961.



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sábado, 6 de agosto de 2011

Frase do Dia. São Francisco de Assis.

“[...] Se tivéssemos bens, precisaríamos dispor também de armas para defendê-los.É da riqueza que provêm discussões e brigas, e assim se impende de muitas maneira tanto o amor a Deus quanto o amor ao próximo.Por isso não queremos possuir nenhum bem material neste mundo.”
 
(São Francisco de Assis)
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Wanderléa em três tempos. Qual a melhor versão?

Costumeiramente, lanço a provocação nesse blog, por meio da enquete “Qual a melhor versão?”. Normalmente, o critério que utilizo é apresentar uma bela música interpretada por astros do passado e do presente - parece-me interessante ver a roupagem que gerações diferentes dão a uma mesma obra. 

Dessa vez, lanço um desafio diferente: qual a melhor versão cantada por uma mesma cantora?  A versão tímida,  da jovem Wanderléa, então em início de carreira, no turbulento ano de 1968; a da já bem mais experiente artista, dez anos depois, em 1978; ou a madura, e ainda em forma, intérprete, quarenta  anos depois do primeiro vídeo. Já tenho minha opinião formada: o tempo melhorou a cantora, que passou a cantar com mais "Ternura". E para você, qual a melhor versão?

O título da música, por sinal, é Ternura, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.



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domingo, 24 de julho de 2011

Frase do Dia. Francesco Guicciardini.

"A liberdade política existe quando a lei é mais poderosa que os que a querem violentar"

(Francesco Guicciardini)
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terça-feira, 19 de julho de 2011

Alô, Seu Jackson do Pandeiro e Dona Elba Ramalho. Também fui feliz no meu Bodocongó.

Quem acompanha meu humilde blog sabe da admiração que tenho por meu conterrâneo, o grande Jackson do Pandeiro. Sempre que encontro um vídeo dele procuro divulgar, afinal, coisa boa deve ser dividida.

Desta vez, a alegria de ouvir o paraibano foi dupla. Neste vídeo, ele canta “Bodocongó, música de Humberto Teixeira e Cícero Nunes. Bodocongó é o nome de um açude de Campina Grande, a Rainha da Borborema, minha querida terra natal. O açude deu nome ao bairro localizado na saída para o sertão. Lá fica a Universidade Federal de Campina Grande, onde, em 1982, ganhei diploma e deixei grandes amigos. A UFCG, naquele tempo, era chamada de Universidade Federal da Paraíba ou Poli.

Jackson Do Pandeiro, embora tenha nascido em Alagoa Grande, pequena cidade localizada a poucos quilômetros de Campina, viveu um bom tempo na bela cidade da Serra da Borborema. 

Ouça Bodocongó na voz do Rei do Ritmo, gravada em 1966 e a versão cantada pela também paraibana e ex-moradora de Campina Grande, Elba Ramalho. 

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Frase do DIa . Montesquieu.

"O luxo arruína as repúblicas; a pobreza arruína as monarquias”

(Montesquieu)
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domingo, 17 de julho de 2011

Versões My Way. Nina Hagen.

Desta vez, o clássico “My Way” é interpretado em alemão. Uma extravagante versão punk da, não menos extravagante, cantora alemã Nina Hagen. A cantora é bastante conhecida do público brasileiro. Aqui esteve para uma disputada apresentação na primeira versão do Rock in Rio realizado em 1985. A Alemã Catharina Hagen, seu nome de batismo, teve um breve namoro com o cantor punk Supla, filho do senador Eduardo Suplicy e Marta Suplicy. O relacionamento rendeu o hit “Garota de Berlim” gravado pelo cantor e que teve participação especial da própria Nina Hagen.

A intérprete, apesar do exagero vocal e visual incomum, tem formação musical clássica, o que pode se perceber em algumas das suas apresentações. Ultimamente, vem divulgando sua conversão religiosa. A nova fase cristã da cantora, que ela afirma ser antiga, rendeu o disco “Personal Jesus” com músicas bem mais calmas, mesclando country, blues e temas gospel. Ritmos bem diferentes daqueles da jovem rebelde de 1985. 

Embora etravagante, a versão barulhenta da alemã é bem mais aceitável que a versão maluca do Sex Pistol, já apresentada neste Blog. Consulte a aba "Versões My Way" aí, à direita, e  confira.

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Frase do Dia. Marcel Proust.

"Trate de conservar um pedaço de céu acima da sua vida"


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domingo, 10 de julho de 2011

Um conselho de Billy Blanco. Acabe essa banca, doutor.

Ultimamente, um deputado extremista vem propagando seus preconceitos de forma absurdamente explicita. As declarações do político estão disseminadas com amplo destaque na imprensa. E o pior: com o apoio de parte da população. 

As declarações abusivas do fundamentalista me remeteram a obra de um grande compositor brasileiro. Nunca é demais relembrar Billy Blanco. William Blanco Abrunhosa Trindade, um paraense que cantou o Rio de Janeiro, é autor de sucessos como: “Teresa da Praia”,"Pistom de Gafieira",  “Estatuto da Gafieira”, ” Mocinho do Rio” e “Sinfonia do Rio”, este último, uma suite composta de dez sambas feita em parceria com Tom Jobim, tranformou-se em um verdadeiro hino à Cidade Maravilhosa. São centenas de composições - a quantidade nem ele mesmo sabia ao certo. Perguntado quantas músicas tinha feito, respondeu: "eu tenho umas quatrocentas e tantas, quase quinhentas".

Mas e porque o preâmbulo deste texto? Explico: Billy Blanco é autor de um verdadeiro manifesto contra o preconceito, o orgulho, a soberba e a vaidade. Trata de “Banca do Distinto”, uma bem humorada crítica àqueles que se acham superiores por sua condição econômica, cor ou mesmo origem social. No final da canção o grande compositor alerta. A morte, inexorável, se encarrega de deixar o preconceituoso, querendo ou não, igual a todos. 

O compositor paraense faleceu na última sexta-feira, oito de julho de 2011, aos 87 anos. Uma longa e produtiva vida. Sua partida, com certeza, deixa uma imensa lacuna na Música Popular Brasileira. Sua obra, entretanto, pela qualidade, ficará eterna.

“Banca do Distinto” foi composta em 1951, mas, pelo visto, a mensagem ainda é muito atual. Como tantas outras músicas de Billy Blanco, logo se tornou um clássico e foi gravado por muita gente: Elis Regina, Maria Medalha, Wanderléa,  Dóris Monteiro, Dolores Duran e Leila Pinheiro. Ouça a composição na voz do autor e de algumas das cantoras citadas. Escolha a sua versão. Difícil mesmo, será saber qual a melhor. 

E  lembre-se: “a vaidade é assim, põe o bobo no alto, e retira a escada...”, portanto, acabe essa banca, doutor!

Wandeléa
Maria Medalha
Dóris Monteiro
Elis Regina

A Banca do Distinto
Billy Blanco
Composição: Billy Blanco
Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
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Frase do Dia. Jorge Luis Borges.

" Você pode tudo nesta vida. Só não pode se fazer infeliz." 

(Jorge Luis Borges)
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sábado, 9 de julho de 2011

Roberto Martins. De policial a grande compositor.

O compositor carioca Roberto Martins (1909- 1992), um dos grandes das décadas de trinta e quarenta, tem no seu currículo mais de 350 composições. Tanta produtividade e o sucesso de sambas, como: Favela, com Valdemar Silva e “menos Eu” com Jorge Farah. O primeiro composto em 1936, o segundo em 1937, permitiram ao artista abandonar definitivamente sua profissão de então. Roberto era policial.

A escolha parece ter sido certa, Roberto Martins após optar definitivamente pela profissão de músico tornou-se um grande compositor. São da sua lavra composições de sucessos que atravessam o tempo como: “Cai, Cai”, Cordão dos Puxa-Sacos, parceria com Frazão e” Pedreiro Waldemar”, com Wilson Batista. Nem só de marchinha e sambas carnavalesco viveu o compositor. É dele a autoria de clássicos como “Renúncia” com Mário Rossi e o delicioso samba “Beija-me” sucesso na voz de Ciro Monteiro e regravado com competência por Zeca Pagodinho.

Roberto também é responsável, mesmo que indiretamente, pela criação de um dos sambas mais conhecidos dos brasileiros. Freqüentador assíduo do Café Nice, ele, no estabelecimento, em um dia de carnaval, teceu um comentário despretensioso ironizando a própria esposa que, apesar de estar fantasiada de baiana não se mostrava muito animada para o carnaval. O fato deu a inspiração para a criação do samba “Falsa Baiana” do mineiro Geraldo Pereira (ver aqui). 

Ouça três sucessos de Roberto Martins na voz de grandes cantores do passado e da atualidade. Escolha a sua versão preferida.

Beija-me ( com Ciro Monteiro)
Beija-me ( com Zeca Pagodinho)
Renúncia (Nelson Gonçalves)
Renúncia (Zélia Ducan)
Favela (Francisco Alves)

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domingo, 26 de junho de 2011

Frase do Dia. Carlo Dossi.

"Por que, ó bobos, fazer trapaças fora da lei quando é tão cômodo fazê-las dentro da lei?"


(Carlo Dossi) Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Di Cavalcanti e o Desenhista Noel Rosa.

Considerado um dos maiores compositores da história da Música Popular Brasileira, Noel Rosa também tinha talento para arte de desenhar. A famosa autocaricatura, tantas vezes apresentadas em suas biografias, é um exemplo do talento do Filósofo do Samba. Ao que parece, o nosso eterno Poeta da Vila era consciente de que seria difícil viver de samba. Teve, portanto, em alguns momentos, a pretensão de se tornar desenhista. Se na música o sucesso foi estrondoso, na arte do desenho nem tanto. Uma história contada por André Diniz, no livro “Noel – O Poeta do Samba e da Cidade”, bem ilustra esta aspiração do autor de “Com que Roupa”.

O autor do livro conta que Noel teria se encontrado com o Pintor Di Cavalcanti que conversava com o amigo Nássara em um Café do Centro do Rio. No encontro viu uma boa oportunidade para apresentar seus desenhos e obter uma avaliação abalizada. Di Cavalcanti não deu muito atenção, observava os traços, mas preferia pedir ao poeta que cantasse uma música. Noel insistia nos desenho, Cavalcanti novamente no samba. Após várias tentativas infrutíferas na busca de uma opinião do pintor, Noel, finalmente, desistiu. Fala-se que desde encontro de grandes artistas, sobrou apenas uma profunda mágoa por parte de Noel em relação ao Pintor, que duraria toda a curta, mas profícua carreira do Poeta da Vila.

Ouça a divertidíssima “Gago Apaixonado” cantada pelo próprio Noel Rosa. Um exemplo de outro dom do compositor: o humor.

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Frase do Dia. Sêneca.

"A embriaguês não cria os vícios. Apenas põe-nos em evidência".


(Lúcio Aneu Sêneca) Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Dóris Monteiro. Afinal, samba é a melhor maneira de se conversar.


Nos final dos anos sessenta, início dos setenta, a voz suave e inconfundível de Dóris Monteiro era bastante comum nas vitrolas dos brasileiros. Com efeito, ouvir Dóris nos dava a certeza que samba “é a melhor maneira de se conversar”.“Mudando de Conversa”, a música de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho, magistralmente interpretada pela cantora, nos remete a saudade dos velhos amigos, das rodas de conversas nos bares e botecos da cidade, sempre ao som de um bom violão. Bons tempos, bons momentos que o próprio tempo, inexorável, se encarrega de desfazer.

E por falar em saudade... No segundo vídeo, Dóris fala sobre seus amigos, Billy Blanco, Dick Farney, Lúcio Alves, Nora Ney e João Goulart.  No último vídeo, ainda nos tempos da televisão em  preto e branco, uma apresentação  da cantora, interpretando “Mocinho Bonito”, composição do amigo Billy Blanco. 

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Frase do Dia. Charles Chaplin.

"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante"

(Charles Chaplin)



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domingo, 19 de junho de 2011

Dom e Ravel. A dupla que desagradou a direita e a esquerda.

“Na época da ditadura eles nunca pediam nada. Eles mandavam. O medo pairava porque nós ouvíamos os papos que sumiu fulano, desapareceu cicrano! Os artistas procuravam tomar precauções.”

(Ravel)

No início dos anos 70, a dupla Dom e Ravel provocou a ira dos opositores da ditadura militar instaurada no Brasil ao lançar o Hit “Eu Te Amo Meu Brasil” música que ficaria conhecida como um verdadeiro hino da ditadura militar. Eram tempos de chumbo, a seleção de futebol era tri-campeã mundial e o país crescia a olhos vistos. Era o chamado Milagre Econômico, fruto da facilidade de financiamentos externos. O PIB brasileiro crescia a uma taxa impressionante de quase 12% ao ano. Já naquele tempo, o Ministro Delfin Neto prometia dividir a renda, mas primeiro teria que deixar o “bolo crescer”, o que nunca aconteceu, para desespero dos truculentos generais de plantão... Os brasileiros não sabiam o que estava por vir.

Esta era a parte visível do início dos anos setenta. Contrastando com o otimismo do momento favorável da macroeconomia, práticas deploráveis aconteciam nas escuridões dos porões da ditadura: estudantes, jornalistas, políticos, líderes sindicais e outros representantes da sociedade, opositores do regime de exceção, eram barbaramente torturados e até mesmos assassinados. Não havia distinção entre aqueles que optaram pela luta armada e os que usavam a palavra como arma. Foi criado o slogan “Brasil, Ame-o ou Deixei-o!”, porém, diante do acirramento da repressão, muitos, mesmo sem deixar de amar o país, optaram pela segurança do exílio voluntário. O governo retrucou com outra frase: "Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil" o que dá uma noção do maniqueísmo oficial.

Todos sabemos os desdobramentos deste período negro da história: no rastro da crise do petróleo, decorrente dos conflitos do oriente médio, o país entrou em uma profunda recessão econômica, a liquidez acabou e os juros dos empréstimos subiram levando a dívida externa às alturas. A crise na qual foi jogado o país duraria décadas para ser sanada. Alguns anos depois veio a hiperinflação e os brasileiros passaram a ganhar milhões - apenas nos seus contracheques. Salários falsamente milionários que eram pulverizados em poucos dias devido à desvalorização da moeda. É verdade! Sofri isso na pele. Meu contracheque era apresentado na casa dos milhões, que mal davam para chegar ao fim do mês. 

No início dos anos setenta eu era garoto e custava a acreditar que aquele aparente inofensivo general risonho e simpático que gostava de futebol e assistia jogos do Grêmio de Porto Alegre seria protagonista do período considerado o mais violento da ditadura. Até o dia em que, num almoço na casa de um colega, testemunhei um fato que me marcou: o menino, provavelmente repetindo o que ouvira de um adulto, inocentemente chamou o presidente de “Garrafa Azul M...”. Nem eu nem o garoto tínhamos a menor noção de política, mas a reação da mãe dele para um comentário hoje tão inofensivo foi de pânico imediato. Com os olhos arregalados, a senhora o repreendeu e o admoestou a nunca falar aquilo em público. Percebi, naquele dia, o pavor que provocava uma ditadura.

Voltando a Dom e Ravel, nos tempos em que frases como “Ninguém Segura este país” eram comuns nas propagandas oficiais, a dupla foi duramente criticada por suas canções consideradas alienadas, para muitos, completamente alinhadas com a estratégia de propaganda do poder: vender a imagem de um país de jovens, portanto com um futuro promissor, “Um país que vai prá frente”, frase de outra peça publicitária do governo. O marketing oficial também queria passar a imagem de uma nação limpa e próxima do desenvolvimento. Quem tem mais de cinquenta anos, certamente se lembrará do simpático personagem Sujismundo, que servia de mote para o bordão “Povo limpo é povo desenvolvido”. Mas, para ter um povo desenvolvido era necessário reduzir o enorme índice de analfabetismo. Para tanto, foi criado o MOBRAL – Movimento Brasileiro pela Alfabetização e Dom e Ravel foram, novamente, associados ao poder com a música “Você também é responsável”, escolhida como tema do movimento pelo ex-ministro da Educação, General Jarbas Passarinho. Em entrevista ao site http://www.censuramusical.com Ravel negou que a canção tenha sido criada para tal e insistiu que nunca fez músicas encomendadas: “Há alguns comentários que a música 'Você também é responsável' foi feita para o MOBRAL, mas nunca fizemos músicas encomendadas pra ninguém, não! [...].

É fato, a canção, de forte apelo emocional, já havia sido gravada em 1969, portanto, não foi criada especificamente para o Mobral. Entretanto, transformou-se em uma espécie de hino do movimento, o que reforçou, para muitos, a percepção de alinhamento da dupla com o regime militar. Também é fato que a obra dos dois irmãos cearenses, intencionalmente ou não, se adequava à onda patriótica que pretendia impor os poderosos de coturno e, apesar do sucesso inicial, custaria caro aos dois cantores nascidos na pequena Itaiçaba, cidade do interior do Ceará. Veio o pior. Os cantores estigmatizados pela esquerda como “A Dupla da Ditadura”, curiosamente, caiu em desgraça com os militares e seus seguidores da direita ao lançar, em 1974, a música “Animais Irracionais” que falava das injustiças sociais – a obra foi censurada pelos militares - talvez já não fossem mais conveniente para o novo momento de pessimismo econômico que surgia. Sobre o assunto Ravel declarou: 

“Eu que já era perseguido pela esquerda que dizia que eu era engajado da direita, passei a ser perseguido pela direita também”. Ravel confessou que a música foi feita para pararem de chamá-los de “puxa-sacos” do governo. 

A dupla, aos poucos, caiu no ostracismo, mas nunca deixou a mente daqueles que viveram os momentos duros da ditadura. Até hoje, os dois são fonte de fortes discussões entre as duas correntes políticas. Eustáquio Gomes de Farias, o Dom, faleceu em dezembro de 2000, em decorrência de um câncer de estômago. Eduardo Gomes de Faria, o Ravel, faleceu na última quinta-feira, 16 de junho de 2011, aos 64 anos, de um ataque cardíaco. Morreu negando seu alinhamento com o poder. Ravel afirmava que suas músicas, na verdade, preenchiam uma lacuna de uma tendência mundial da época: a “música com uma temática construtiva”. Insistiu que foram usados pelos militares e somente não se opuseram à suposta apropriação política por mero temor das conseqüências.Uma frase reflete a revolta de Ravel quanto o que considera patrulhamento dos dois lados:  

“Eu sofri exílio no meu próprio país e nunca fui remunerado pelo governo”

Ouça alguns sucessos da dupla e faça a sua avaliação.Em outro vídeo, com incorporação desativada, Sílvio Santo confessa que utilizou a dupla como parceiro na sua busca pela conquista do seu canal de TV junto ao governo militar (acesse em  http://youtu.be/J3CNxsKmdx8).

Eu Te Amo Meu Brasil.


Você Também é Responsável


Animais Irracionais

Obrigado ao Homemdo Campo
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Frase do Dia. Francis Bacon.

"O homem é aquilo que sabe"

(Francis Bacon)
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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Versões My Way. Comme D’habitude. Mireille Mathieu e Claude François.


Este interessante vídeo, decididamente, merece entrar na galeria de “Versões My Way”. Uma apresentação rara da cantora francesa Mireille Mathieu cantando junto com Claude François, o autor da versão original de “My Way”, na França chamada de Comme D’habitude.
Claude François faleceu precocemente aos 39 anos, vítima de choque elétrico. Ver mais aqui.


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Frase do DIa. J. J Rousseau.

"Cada idade tem suas inclinações, mas o homem é sempre o mesmo. Aos dez anos, é levado por doces; aos 20, por uma amante; aos 30, pelo prazer; aos 40, pela ambição; aos 50, pela avareza."

(Jean-Jacques Rousseau)






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