Sérgio Porto, o famoso Stanislaw Ponte Preta, era famoso por sua verve humorística e carregada de ironias inteligentes. O humor sarcástico de Stanislaw, mais de quarenta anos após sua morte, ainda é atual é às vezes parece até profético.
O autor do bordão FEBEAPA-Festival de Besteira que Assola o País, dificilmente perdia o humor, Jaguar, seu velho amigo, conta que certa vez presenciou uma cena que não esquece: os dois trabalhavam no Banco de Brasil, lá tinha uma funcionária que trabalhava como caixa, atendendo ao público. A senhora era conhecida pelo seu mau humor e implicava com todo mundo, como o local onde a empregada pública trabalhava parecia com uma gaiola, Ponte Preta escreveu um cartão com frase “Não dê alimento aos animais” e o pregou em frente à gaiola da antipática funcionária, de forma que só o público tivesse visão do cartaz.
Sérgio Cabral também tem histórias interessantes sobre o escritor, ele conta que pouco antes de morrer, ainda jovem, aos 45 anos, Stanislaw estava feliz - “O Samba do Crioulo Doido” havia sido gravado, com sucesso, pelo Quarteto em CY. O humorista estava tomando um uísque com Cabral, quando um estraga prazer atacou: “Você fez um plágio, hein? “O Samba do Crioulo Doido” tem um trecho igualzinho ao “Trem das Onze”. Sérgio Porto não tinha atentado para isso e só naquela hora percebeu a semelhança das duas músicas, mesmo envergonhado, não perdeu a habitual presença de espírito, e rebateu de pronto:
- A minha música não fala de trem?
- Fala – retrucou o chato.
- Fiz de propósito, para lembrar mesmo - Finalizando a incômoda polêmica.
O tom profético de Ponte Preta se torna presente na seguinte frase, que, não obstante ter sido escrita há mais de quarenta anos, se mantém bastante atual e serve de reflexão à parte da nossa grande imprensa, que ainda não percebeu as profundas mudanças que a Internet provocou na percepção do público alvo da informação.
“As crises políticas nacionais são tratadas de maneira tão sensacionalista pela imprensa brasileira que, se a gente estiver no estrangeiro, ao ler um jornal brasileiro tem a impressão que, ao voltar, não encontrará mais o país". Realmente, a frase nunca esteve tão atual.
Estas histórias e outras frases de Sérgio Porto estão no livro “Máximas de Tia Zulmira”, uma coletânea de frases do escritor com ilustrações de Jaguar.
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