domingo, 20 de fevereiro de 2011

O QUE DISSERAM AS FLORES A PROPÓSITO DE UMA OUTRA CHAMADA VIRGÍNIA – Vinicius de Moraes.

Quando Virgínia Sabino, filha do escritor Fernando Sabino, completou 12 anos, como presente de aniversário, Vinicius de Moraes escreveu um singelo poema. Vinte e três anos depois, em 1985, Virgínia faleceria prematuramente em um desastre de carro, provocando uma imensa dor no pai escritor.

Na missa de sétimo dia, Fernando Sabino distribuía comovido, o cartão de agradecimento contendo aqueles versos do Poetinha:

O QUE DISSERAM AS FLORES A PROPÓSITO DE UMA OUTRA CHAMADA VIRGÍNIA

Coitada da Virgininha
Dizia a rosa em botão.
De Fernando os filhos todos
Já ganharam um poeminha
Só a Virginia é que não.

É mesmo! Dizia o cravo
Suspirando em seu jardim.
Isso assim não está direito
Eu já estou ficando bravo
Que gentinha mais ruim.

Ah, já sei! Disse a verbena
Exibindo suas cores
Vamos pedir um poema
Ao Vinícius de Moraes
Autor do Rancho das Flores.

E em companhia da zíbia
Foram ao poeta em comissão
Faço sim disse Vinícius
E faço porque a Virgínia
Mora em meu coração!

Faço porque a Virgininha
Como eu começa em V
E faço, ajuntou o Poeta
Porque ela é uma menininha
Como igual já não se vê.

Faço, refaço, trefaço,
Exclamou pondo-se em pé
E faço com estardalhaço
Como um foguete no espaço
Ou um louco buscapé!

A rosa tem muita prosa
O cravo perfuma a sala
Mas a Virgínia Sabino
Não tem nada de orgulhosa
E além de flor ainda fala
E é dela que eu sou escravo!

Por ela compro barulho
Por ela meu Deus do céu
Por ela dou um mergulho
Do alto da Torre Eiffel
Por ela subo no London
Tower pelo exterior
Por ela (ela me animando)
Viro fantasma voador.

Por ela atiro Cruzado
Mato três de cada vez
Por ela atravesso a nado
Todo o Canal de Suez
Por ela a flor Virgininha,
Dou vinte saltos mortais
Pois ela é minha musinha
Minha menor namorada
E eu, não é nada, não é nada
Sou o Vinicius de Moraes.
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