sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Belos Poemas Que Viraram Músicas – Soneto XIII - Olavo Bilac.

Da série “Belos Poemas Que Viraram Músicas” viajamos até o final do século XIX, para buscar a poesia de Olavo Bilac. O Soneto XIII, extraído do Poema Via Láctea, título de um conjunto de 35 sonetos de uma antologia do poeta parnasiano, publicado no livro Poesias, em 1888 - uma verdadeira obra-prima.

Inspirada nos versos de Bilac, a vocalista do Kid Abelha, Paula Toller e seu companheiro de grupo, o saxofonista e violonista George Israel, colocaram a música no soneto, também conhecido como Ouvir Estrelas. A música foi gravada pelo Kid Abelha, no álbum AUTOLOVE , de 1998,portanto, 110 anos após o grande momento de inspiração do poeta.

Embora os músicos, talvez por necessidade musical, tenham alterado e até mesmo suprimido trechos do poema, a bela voz de Toller compensa a licença poética em relação ao texto original da obra de Bilac. O poema, com certeza, é um dos mais famosos da história da poesia brasileira e, talvez, pelo seu lirismo levado ao extremo, é apreciado e declamado de cor por muitos brasileiros.

Uma curiosidade: além da versão dos dois componentes do Kid Abelha, um trecho do poema foi incluído na música Divina Comédia Humana, do compositor Belchior. Quem não se lembra do refrão? "Ora Direis ouvir estrelas, certo perdestes o senso, e eu vos direi, no entanto"...E o compositor do Ceará complementava com versos da sua própria lavra “enquanto houver espaço tempo e algum modo de dizer não eu canto”.

Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865, onde também faleceu, em 28 de dezembro de 1918, aos 53 anos. Era conhecido pelos seus hábitos boêmios, desistiu da faculdade de Medicina no 4° ano e a de Direito no 1°. Na verdade, sua paixão era a palavra, se dedicando ao jornalismo e a literatura, sendo reverenciado como um dos mais legítimos parnasianos brasileiros. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, é o autor da letra do Hino da Bandeira, algumas de suas principais obras foram: Poesia (1888), dividida em “Panóplias”, “Sarças de fogo”, “Via Láctea” e a poesia infantil “Tarde”.

Paula Toller optou, desde 2007, pela carreira solo, o mesmo aconteceu com seu parceiro George Israel. O Grupo Kid Abelha, foi um grande sucesso nos anos 80 e 90, por enquanto, está desativado. De acordo com o site da Banda, na aba de Agenda, está o seguinte comunicado:

“No momento, o Kid Abelha faz uma pausa em suas atividades regulares e seus integrantes se dedicam a projetos individuais. Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato, trabalham artisticamente não só suas composições e seus lançamentos, mas também seu tempo, e por essa razão decidiram fazer um período sabático e de planejamento de futuros trabalhos.
Qualquer nota sobre o fim da banda é falso, mera especulação sensacionalista”.

O período sabático a que se refere a nota iniciou-se em 2007.

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Soneto XIII
Olavo Bilac
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: " Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: Amei para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
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