"Mais já que há de escrever, que ao menos não se esmague as entrelinhas."
(Clarice Lispector)
Espaço dedicado a comentários do cotidiano, música, política e o que der vontade.
Em 1987, Flávio Venturini, na época vocalista do grupo 14 Bis, ensaiava os acordes de uma nova música. Por coincidência, Renato Russo passava pela sala onde estava o cantor e ouviu a melodia. O falecido vocalista da Legião Urbana gostou e pediu para compor a letra. Após três meses estava pronta “Mais Uma Vez” que logo iria se transformar em um grande sucesso nacional.
A música “Minha História” tem alguns fatos curiosos na sua gênese e na própria justificativa do seu nome. A música original, 4 marzo 1943, também é conhecida como Gesú Bambino - Menino Jesus em italiano - foi composta no início dos anos setenta na Itália por Lúcio Dalla (foto a esqueda) e Palotino e abordava a história das mães solteira adolescentes sob a ótica dos filhos, frutos de relacionamentos com soldados estrangeiros no período da 2° grande guerra, daí seu subtítulo: “Os filhos da guerra”. A versão italiana foi premiada com o 3º lugar do Festival de San Remo de 1971.
"A sociedade mais próxima da perfeição, politicamente falando, é aquela na qual a classe média é mais numerosa que as outras classes e tem tudo sob seu controle"
"Os entes queridos que perdemos não são sepultados na terra, mas em nossos corações. Foi Deus que assim o quis para que eles nos acompanhem para sempre."
No início de 1942, o compositor Pedro Caetano, autor de mais de 400 composições no período conhecido como “Era de Ouro do rádio”, participava de uma festa, quando foi abordado por uma fã. A jovem queria ser homenageada com uma melodia. Pedro, apesar de não gostar de fazer música por encomenda, ao saber o nome da fã, resolveu fazer uma exceção. A concessão do compositor tinha um motivo: a jovem se chamava Maria Madalena de Assunção Pereira. O nome parecia musical e não demorou muito para sair o Samba-Choro.
“Maria Madalena de Assunção Pereira, teu beijo tem aroma de botão de laranjeira...”.
Saiu mais uma edição da Revista Singular. Seu editor, o jornalista Eliezer Rodrigues, feliz da vida, reuniu amigos e colaboradores para a tradicional degustação. Como sempre, a publicação superou as expectativas dos leitores.
"O destino da humanidade repousa essencialmente e mais do que nunca sobre as forças morais do homem. Se quisermos uma vida livre e feliz, será absolutamente necessário haver renúncia e restrição. Desarmamento e segurança só se conquistam juntos."
Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.
Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.
Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.
Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.
No início dos anos setenta, o falecido jornalista Júlio Lerner (foto), lançou um programa, na TV Cultura, que desafiava a criatividade tempestiva dos compositores. O programa, inicialmente, teria a participação do MPB4 que, ao conhecer o roteiro desafiador do programa, não aceitou o convite. O respeitado jornalista procurou, então, o compositor Belchior, que convidou o “Pessoal do Ceará”, como era denominado um grupo de cearenses que viria a fazer história na MPB, dentre eles Ednardo, Rodger Rogério e Jorge Melo - Fagner estava gravando um disco e não participou.
O programa, denominado “Propostas”, em síntese, tinha como base uma conversa prévia dos compositores com uma personalidade brasileira ilustre. No dia seguinte, o convidado era entrevistado pelo jornalista e, de acordo com as respostas, o apresentador desafiava os músicos a comporem uma música relacionada às declarações do entrevistado. Um detalhe: os compositores tinham de dois a quatro dias para concluírem o trabalho.
Dessa forma, nasceram algumas músicas do “Pessoal do Ceará”. Uma delas foi “Ingazeiras” de Ednardo. O compositor cearense declarou, no ótimo livro “No Tom da Canção Cearense – Do rádio e tv, dos lares e bares na era dos festivais (1963 - 1979), do pesquisador Wagner Castro, que a música foi inspirada em uma resposta do Aldemir Martins. O artista plástico (foto à direita), cearense do Cariri, teria declarado “eu nasci lá nas ingazeiras (...) eu sou uma pessoa muito atirada, fui criada na verdade no oco do mundo”.
O mote caiu como uma luva para Ednardo, então em busca do sucesso no difícil mercado do sul do país.
"[...] Não adianta apreender o futuro. Vivemos anos apreendendo um perigo imaginário que não acontece; somos surpreendidos por uma desgraça em que jamais havíamos pensado. A sabedoria está em pôr o coração à larga e entregar a alma a Deus [...]"
“[...] Se tivéssemos bens, precisaríamos dispor também de armas para defendê-los.É da riqueza que provêm discussões e brigas, e assim se impende de muitas maneira tanto o amor a Deus quanto o amor ao próximo.Por isso não queremos possuir nenhum bem material neste mundo.”
Costumeiramente, lanço a provocação nesse blog, por meio da enquete “Qual a melhor versão?”. Normalmente, o critério que utilizo é apresentar uma bela música interpretada por astros do passado e do presente - parece-me interessante ver a roupagem que gerações diferentes dão a uma mesma obra.
Quem acompanha meu humilde blog sabe da admiração que tenho por meu conterrâneo, o grande Jackson do Pandeiro. Sempre que encontro um vídeo dele procuro divulgar, afinal, coisa boa deve ser dividida.
Desta vez, o clássico “My Way” é interpretado em alemão. Uma extravagante versão punk da, não menos extravagante, cantora alemã Nina Hagen. A cantora é bastante conhecida do público brasileiro. Aqui esteve para uma disputada apresentação na primeira versão do Rock in Rio realizado em 1985. A Alemã Catharina Hagen, seu nome de batismo, teve um breve namoro com o cantor punk Supla, filho do senador Eduardo Suplicy e Marta Suplicy. O relacionamento rendeu o hit “Garota de Berlim” gravado pelo cantor e que teve participação especial da própria Nina Hagen.
Ultimamente, um deputado extremista vem propagando seus preconceitos de forma absurdamente explicita. As declarações do político estão disseminadas com amplo destaque na imprensa. E o pior: com o apoio de parte da população.
O compositor carioca Roberto Martins (1909- 1992), um dos grandes das décadas de trinta e quarenta, tem no seu currículo mais de 350 composições. Tanta produtividade e o sucesso de sambas, como: Favela, com Valdemar Silva e “menos Eu” com Jorge Farah. O primeiro composto em 1936, o segundo em 1937, permitiram ao artista abandonar definitivamente sua profissão de então. Roberto era policial.
Nos final dos anos sessenta, início dos setenta, a voz suave e inconfundível de Dóris Monteiro era bastante comum nas vitrolas dos brasileiros. Com efeito, ouvir Dóris nos dava a certeza que samba “é a melhor maneira de se conversar”.“Mudando de Conversa”, a música de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho, magistralmente interpretada pela cantora, nos remete a saudade dos velhos amigos, das rodas de conversas nos bares e botecos da cidade, sempre ao som de um bom violão. Bons tempos, bons momentos que o próprio tempo, inexorável, se encarrega de desfazer.
"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante"