sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Graciliano Ramos – As lavadeiras de Alagoas e a Palavra.

“Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.

(Graciliano Ramos)

Ps: pesquei essa maravilha de texto em um comentário do excelente jornalista, Plínio Bortolotti, em seu Blog hospedado no jornal o Povo.
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Um comentário:

  1. Caro Dr. Zem,

    Para você ver como as coisas são as coisas nesse mundo internético. Precisava da frase de Graciliano e, tendo esquecido que a havia postado em meu blog, lancei mão do Google. Caí no seu blog e, surpresa, vi que v. a havia reproduzido do meu, registrando a pescaria.

    Abraço,
    Plínio

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