sábado, 17 de outubro de 2009

Rosa de Hiroxima – Vinicius de Moraes e Gerson Conrad – Belos Poemas Que Viraram Músicas.

Da Série Belos Poemas que Viraram Músicas, apresento hoje, “Rosa de Hiroxima”, antigo poema de Vinicius de Moraes, escrito logo após o final da segunda guerra mundial, durante sua permanência nos Estados Unidos.


Comento: o poema só veio a ser musicado em 1973, muitos anos após ter sido escrito. O autor da música é Gerson Conrad, componente da lendária Banda “Secos e Molhados”, a música tornou em um grande sucesso do extinto grupo, na voz de Ney Matogrosso, à época, cantor principal da banda. Os Secos e Molhados, apesar do sucesso estrondoso, poucas vezes visto na história da MPB, foi desfeito prematuramente, devido às divergências entre os três componentes.

Rosa de Hiroshima faz parte da segunda fase da obra do Poetinha, iniciada em 1943, fase em que ele sai do estilo metafísico para o físico, nesta fase também é marcada a Poesia Social, presente em, além de “Rosa de Hiroxima”, outros poemas de indignação social do poeta, como: "Balada dos mortos dos campos de concentração" e "O operário em construção".

Rosa de Hiroxima é uma exortação à paz, um protesto emocionante contra as armas atômicas que, infelizmente, ainda proliferam em vários países do mundo. Foi apresentada ao vivo em um espetáculo histórico dos Secos e Molhados, em 1974, no Maracanãzinho,

Atualmente, Gerson Conrad, considerado o componente mais discreto dos Secos e Molhados, divide suas atividades profissionais entre a música e a arquitetura. Sobre Rosa de Hiroshima, musica que ajudou a eternizar o poema de Vinicius, fez a seguinte declaração em uma entrevista de 2007, ao site www.abarata.com.br:

“Esse poema de Vinícius estava perdido em uma antologia poética sobre suas obras segundo o próprio poeta. Me foi apresentado por João Ricardo (componente dos Secos e Molhados). Como tratava de um contexto universal, me encantei e compus a melodia. Quando tivemos a oportunidade de mostrar como havia vestido o seu poema, Vinícius me agradeceu e se emocionou muito.”

O músico, orgulhoso da sua obra, falou novamente sobre a música em outra entrevista, desta vez, ao fanzine Elefante Bu, n°31, de março 2008:

“Sem falsa modéstia, eternizei um poema de Vinícius de Moraes, "Rosa de Hiroshima", que talvez, não tivesse alcançado a importância, inclusive internacional, se não fosse a música por mim composta.”

Vinicius de Moraes, o inquieto Poeta da Paixão, deixou uma obra extensa em vários campos da arte, escreveu poemas, peças para teatro, crônicas, letras de música, crítica de cinema e um romance chamado Polichinelo. Sobre o autor de “Soneto de Fidelidade”, Carlos Drummond de Andrade, certa vez disse: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes".

O poeta morreu em 9 de julho de 1980, aos 66 anos, em sua casa, no Rio de Janeiro, vítima de edema pulmonar, quando tomava banho em sua banheira, um dos locais preferido para seu relaxamento.

Para ver outros poemas musicados clique no marcador: “Belos Poemas Que Viraram Músicas”.
Para ler sobre curiosidades da música clique no marcador: "Curiosidades da Música Popular Brasileira".





Letra: rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
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