sexta-feira, 22 de maio de 2009

Mário Quintana e a desfeita da Academia Brasileira de Letras.

O poeta gaucho, Mário Quintana, era admirado por vários intelectuais, muitos se tornaram seus amigos, entre eles: Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira.

Tantas celebridades, no entanto, não foram suficientes para levá-lo à Academia Brasileira de Letras, na, talvez, maior injustiça da história da academia. Com efeito, a ABL é conhecida por nem sempre escolher grandes escritores para ocupar suas cadeiras e, sem entender os meandros políticos da Academia, Quintana tentou se tornar imortal por três vezes, perdeu todas: para Eduardo Portella, ex- ministro da educação do General Figueiredo, em um arranjo político, até hoje, não muito bem explicado, depois, para Arnaldo Niskier, atual presidente da ABL e , finalmente, para Carlos Castelo Branco , o Castelinho, este um grande jornalista, mas sem histórico de escritor.

Diante dos reveses, escreveu “Poeminha do Contra.”, uma resposta bem humorada e sarcástica ao injusto descaso dos imortais da academia.

Poeminha do Contra

"Todos esses que aí estão

Atravancando meu caminho,
Eles passarão... Eu passarinho!"

O poeta desistiu definitivamente de tentar a cadeira na ABL, mesmo com a garantia de unanimidade dos votos dos colegas. O poeta gaucho expôs sua visão da academia com a seguinte declaração:

só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro.” Se referindo à forte politização nas indicações de escritores para a academia.

Ainda em relação à ABL, ele declarou: “ A academia não convida. A gente é que tem de candidatar-se, solicitar votos pessoalmente, arranjar pistolões. Há gente que não dá para isso. Eu também não” dando uma pista dos motivos da sua não indicação.

A desfeita não impediu o reconhecimento do povo brasileiro, Quintana morreu, na sua querida Porto Alegre , no dia 5 de maio de 1994, aos 87 anos, como um dos poetas mais populares do Brasil.
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9 comentários:

  1. Mário em desabafo sobre seus pares. Pares nem tanto... A sutileza esclarecedora, a escollha com risco e personalidade, fazem a diferença.

    Parabéns de novo, ao Dr. Zem por nosso Mário!

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  2. Conheci pessoalmente este que foi para mim o maior poeta de nosso pais, um homem simples de habitos simples que gostava de fumar seu cigarrinho sentado no banco da Praça da Alfandega em Porto Alegre, realmente injustiça daquelas que o tempo não apaga, mas ficou marcado na pele de quem a produziu, pois Mario não se tornou imortal da academia mas é imortal no coração do povo brasileiro.

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  3. Eu fui eu Conheci Mário Quintana assim fotografei ele, Bruna Lombardi e O Ferruginha em uma inauguração da Casa de Gramado na Rua Da Praia em Porto Alegre , no entanto nesta época a maior decepção de Quintana foi não ter entrado para academia de letra por questão politicas

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  4. Muy bueno tu blog y estoy siguiendo su cargo por un largo tiempo!

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  5. A ABL tinha que se dar mais respeito. Fisiologismo, politicagem... Alí, hoje, "triunfam muitas nulidades". "Imortais como merval pereira faz com que se abrevie a outrora casa de Machado de Assis com letras minúsculas - 'abl '.

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  6. Acho que ele foi mais admirado porque apesar da fama conseguiu morrer solteiro e não dar fama para aventureiras tipo Adriane Galisteu.

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