quinta-feira, 26 de março de 2009

Vencendo Preconceito - Cearense é primeiro travesti em Doutorado no país.

João Filho Nogueira de Andrade, 31 anos, ou Luma Andrade como prefere ser chamada, está sendo considerada, pela mídia brasileira, a primeira travesti a ingressar no curso de doutorado no Brasil.

Filho de pais pobres e analfabetos, Luma enfrentou várias dificuldades decorrentes do preconceito até chegar ao doutorado: formou-se em ciências, com habilitação em biologia e química, pela Universidade Estadual o Ceará, é servidora concursada da Secretaria da Educação do Estado e sofreu para ser professora. Um diretor, segundo ela, ficou um mês a observando dar aulas até se certificar da sua capacidade para exercer o magistério, outro tentou impedir sua posse, apesar das boas notas no concurso. Hoje, Luma coordena 26 escolas, em 13 municípios do interior do Ceará.

A travesti mora atualmente em Russas, no interior do Ceará (165 km de Fortaleza), conta que se percebeu vítima de preconceito , já na terceira série,quando, por só brincar com meninas, apanhou de um colega da sala. "Quando fui chorando contar para a professora, ela virou e disse: "Bem feito, quem manda você ser desse jeito?”Eu era uma criança, mas percebi, então, que ela me via diferente e que me condenava”. Ela conta que Gracejos e pequenas agressões cometidas por colegas a acompanharam em todo o seu percurso escolar, o que só diminuía perto das provas, quando a procuravam para que ensinasse matemática.

Já no doutorado, também percebeu estranhamento de professores, colegas e funcionários da universidade nas primeiras aulas, mas de uma forma menos agressiva do que em outros tempos – se configurando mais em olhares de espanto. Para ela, o status de doutoranda lhe atribui mais respeito.

"Essa surpresa que a gente está tendo é bacana, uma surpresa de acolhida. Mas ainda é uma surpresa, porque a Luma é inusitada. Espero que logo deixe de ser surpresa e passe a ser comum ver outros travestis em sala de aula", disse um colega de sala. "É nesse encontro com o outro que a gente vai superando preconceitos." admite.

Para Luma, o preconceito reproduzido no ambiente escolar acaba por afastar as jovens travestis da sala de aula, condenando-as muitas vezes às ruas. Por este motivo, estudará, em seu doutorado em educação, o preconceito sofrido, pelos travestis, nas escolas públicas, procurando entender este processo de exclusão social.

Perguntada como lida com o fato de ter dois nomes o oficial e o social, respondeu “Isso não me causa nenhum problema. A maioria das pessoas me chama de Luma. Agora, se você me perguntar do que você prefere ser chamada, aí sim, de Luma. Porque ela é a minha identidade. Agora estou pensando em entrar na justiça para mudar o nome. “

Luma pretende concluir o seu doutorado em 2012.
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Um comentário:

  1. Valeu Luma!! te conheço da Fafidam, sei da sua capacidade intelectual idependente de qualquer coisa! Você tá rmpendo barreiras do preconceito e da hipocrisia social em que estamos inevitavelmente inseridos

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