domingo, 1 de março de 2009

Xangai Canta Bolero de Isabel.

Uma bela interpretação do cantor baiano de Itabebi, Eugênio Avelino, o nosso Xangai, cantor das coisas do nordeste, cabra da peste bom de viola. O nome artístico, Xangai, veio de uma sorveteria de propriedade do seu pai. São mais de 30 anos divulgando a cultura nordestina com muita competência e paixão. A música é do poeta paraibano, Jessier Quirino.

"O que eu canto é a presença de minha própria realidade. Eu não me sinto muito confortável em cantar músicas de outros povos longe daqui, principalmente dos países ricos, tão em moda, tão apregoados, cantados e decantados por muitos brasileiros, inclusive. Eu acho muito melhor cantar músicas de Cartola, Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, João do Valle, Jackson do Pandeiro do que dos Estados Unidos ou da Inglaterra. É muito bom para eles. Acho que eles também não ficam cantando Paulinho da Viola.
Para mim, é muito mais bacana cantar a minha própria língua, até porque dentro do Brasileirança eu tenho certeza "bussoluta", de bússola, que a língua mais rica é a portuguesa. Só não é mais rica que a língua brasileira, porque a brasileira é portuguesa e uma mistura da língua do índio, que é maravilhosa. Essa mistura deu a brasileirança, lingüisticamente falando. E eu sou um cantador da brasileirança." (Xangai)

Sitio do cantor: http://www.xangai.mus.br/




Letra da Música Bolero de Isabel

É um nó dado por São Pedro
Desarrochado por São Cosme e Damião
É u'a paixão, é a sensação de um repente
Igual ao quente do miolo do vulcão

Quer ver o bom, é o aguado quando leva açúcar
É ter a cuca açucarada num beijo roubado
É o pecado confessado ao Mestre Sereno
Levar sereno num terreiro bem enluarado
É o pinicado do chuvisco no chão pinicando
Ficar bestando c'um inverno bem arrelampado
É o recado da cabocla um beijo mandando
Tá namorando a cabocla do recado.

Quer ver desejo, é o desejo tando desejando
E a lua olhando este amor na brecha do telhado
É o rodeado do peru peruando a perua
É a canarinha galeguinha cantando o canário
Zé do Rosário bolerando com Dona Isabel
Dona Isabel bolerando com Zé do Rosário
Imaginário de paixão voraz e proibida
Escapulida, proibida pro imaginário


Quer ver cenário é o vermelho da auroridade
É a claridade amarelada do amanhecer
É ver correr o aguaceiro pelo rio abaixo
É ver o cacho de banana amadurecer
Anoitecer vendo o gelo do branco da lua
E a pele nua com a lua a resplandecer
É ver nascer o desejo com a invernia
E a harmonia que o inverno fez nascer Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

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