domingo, 29 de março de 2009

Jackson do Pandeiro - O Rei do Ritmo.

A primeira vez que ouvi falar em Jackson do Pandeiro, nascido José Gomes Filho, curiosamente, não foi ouvindo uma das suas maravilhosas interpretações, mas ao ver um pedaço de papel com o autógrafo do rei do ritmo, conseguido por minha irmã Nizita, em uma viagem ao Rio de Janeiro, o ano, não sei, era garoto de calças curtas, lá para o início dos anos setenta. Logo depois, percebi que os discos do cantor paraibano de Alagoa Nova, nascido em 31/08/1919, tocavam repetidamente em minha casa, fruto do gosto musical apurado do meu pai. Os ritmos eram variados: baião, xote, xaxado, coco, rojão, arrasta-pé, quadrilha, marcha e até frevo, cantados em um estilo único, inconfundível, próprio dos grandes artistas.

Aos 13 anos, o garoto José Gomes, ia muito ao cinema em Campina Grande, nesta época, tomou gosto pelos filmes de faroeste, era fã do ator Jack Perry,nas brincadeiras de mocinho e bandido com os outros garotos, José Gomes transformava-se em Jack, nome pelo qual passou a ser conhecido, mais tarde, um diretor de rádio sugeriu que trocasse o Jack por Jackson, nome considerado mais sonoro. O pandeiro, complemento do seu nome artístico, veio das dificuldades financeiras dos seus pais que não conseguiram comprar o seu objeto de desejo: a sanfona, substituída , portanto, pelo instrumento de percussão, bem mais barato. Músicos que o acompanharam como Dominguinhos e Severo dizem que ele era também um grande “sanfoneiro de boca”, o que significa que apesar de não saber tocar o instrumento ele fazia com a boca tudo aquilo que queria que o sanfoneiro executasse no instrumento.

Jackson era um mestre em dividir a música, a maestria e elegância das suas interpretações levaram o cantor e compositor Alceu Valença, um grande admirador do cantor paraibano, a declarar: ”Costumo sempre dizer que o Gonzagão é o Pelé da música e o Jackson, o Garrincha. Alceu teve o prazer de cantar com o “Garrincha da música” em um festival da TV tupi em 1979, a música era a embolada, Coração Bobo, que logo se transformou em um grande sucesso.

Aos sessenta e três anos, sofrendo de diabetes, ao fazer um show em Santa Cruz de Capibaribe, passou mal, mas não quis deixar o palco. Já estava enfartado, mas continuou cantando, tendo feito ainda mais dois shows nessas condições, não deu atenção ao pedido do companheiro Severo, que o acompanhou durante anos na sanfona, para cancelar os compromissos, resolveu depois cumprir outros compromissos em Brasília onde passou mal, tendo desmaiado no aeroporto e sendo transferido para o hospital. Dias depois, faleceu de embolia cerebral, em 10 de julho de 1982, deixando uma extensa obra entre elas: "Xote de Copacabana" (José Gomes), "17 na Corrente" (Edgar Ferreira/ Manoel Firmino Alves), "Como Tem Zé na Paraíba" (Manezinho Araújo/ Catulo de Paula), "Cantiga do Sapo", "A Mulher do Aníbal", "Ele Disse" (Edgar Ferreira) e "Forró em Caruaru" (Zé Dantas), Sebastiana" (Rosil Cavalcanti) e "Forró em Limoeiro" (Edgar Ferreira).

A música do vídeo é Chiclete com banana, composta em 1959 pelo baiano Gordurinha e Almira Castilho, então esposa e parceira de Jackson do Pandeiro, uma crítica bem humorada a invasão da cultura americana no Brasil dos anos cinqüenta, a música tornou famosa a expressão: Samba Rock.




Letra:

Eu só boto be-bop no meu samba
Quando o Tio Sam tocar num tamborim
Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba
Quando ele aprender que o samba não é rumba
Aí eu vou misturar Miami com Copacabana
Chiclete eu misturo com banana
E o meu samba vai ficar assim
Tirurururiruri bop-be-bop-be-bop
Tirurururiruri bop-be-bop-be-bop
Tirurururiruri bop-be-bop-be-bop
Eu quero ver a confusão
Tirurururiruri bop-be-bop-be-bop
Tirurururiruri bop-be-bop-be-bop
Tirurururiruri bop-be-bop-be-bop
Olhe o samba rock, meu irmão
É, mas em compensação
Eu quero ver o boogie-woogie de pandeiro e violão
Quero ver o Tio Sam, de frigideira
Numa batucada brasileira. Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Um comentário:

  1. Como Pelé e Luis, dentro de mil anos não nos aparecerá talento tão natural...

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